Quando eu estava na academia militar certa vez o tenente me colocou para patrulhar uma área juntamente com um companheiro que era tido como o sujeito mais chato da turma.
Ao final da missão eu não achei o cara tão mau, simplesmente ele tinha uma mania pouco admirada entre os seres humanos que era de dizer o que pensa de forma direta e sem rodeios. Esse tipo de comportamento incomoda muita gente.
Ao final e ao cabo o tenente me elogiou pelo desempenho e companheirismo, mas uma coisa que ele me disse foi especialmente marcante para mim, algo mais ou menos assim: "olha, se relacionar e se dar bem com pessoas simpáticas, brincalhonas e parecidas conosco é fácil, o difícil e o verdadeiro diferencial é se dar bem com os diferentes, com os 'malas'".
Isso tudo para traçar um paralelo com o artigo do Ives Gandra que li hoje na Folha acerca de mais uma declaração vinda dos lados do planalto central sobre a "necessidade" de democratizar ou regular economicamente ou socializar a mídia. Trocando em miúdos, censurar a imprensa.
Tivesse as capas das revistas e os programas de rádio e televisão tecendo loas ao desempenho do governo e elogiando seus feitos certamente a tal "necessidade" de regulação social não viria à baila. Entretanto, e aí vai toda a moral da história, é exatamente quando a mídia denuncia, critica, investiga e faz chacota com o governo de plantão que se prova realmente a existência da liberdade de imprensa. Ouvir e ler que você é um estadista visionário é muito fácil, difícil é aceitar te chamarem de ladrão, corrupto e incompetente. Aí é que se mostra se as suas instituições estão mais pra Venezuela ou para os EUA.
E olha que nem somos um país que pode ser reconhecido exatamente como um primor de liberdade de imprensa. Estamos na intermediária da régua (que vai da total liberdade até a censura total). Mais detalhes neste link na página 79. Os motivos de sermos mediocremente classificados são devido a coisas como: ações judicias contra jornais e jornalistas, violência contra repórteres e censura imposta por normas legais.
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