sábado, 21 de março de 2015

A FALÁCIA DA REPRESENTATIVIDADE

A democracia é o poder do povo que o exerce através do voto ao eleger seus representantes.

É o que dizem os livros de moral e cívica e os pais aos seus filhos desde a mais tenra infância.

Nada mais enganoso. Trata-se de um engodo que não resiste a meia hora sequer de reflexão mais séria.

E se eu não votar ?

E se o meu candidato não vencer as eleições ?

E se os candidatos mesclarem políticas das quais eu concorde com outras que eu discorde ?

E se mesmo vencendo ele não por em prática as políticas que disse que iria executar no período eleitoral ?

A teoria diz que "basta você estar no regime democrático" que estas questões não mudam o fato. Você está sendo sim, representado.

O voto é um instrumento fragilíssimo. É como se você fosse para uma negociação de negócios, ou para um julgamento no tribunal no qual, para expor seus argumentos e colocar suas pretensões, você só pudesse dizer sim ou não.

Para abrir uma conta bancária, efetuar o desembaraço aduaneiro de um produto importado ou entrar com uma ação na justiça por exemplo, faz-se necessário uma procuração específica e detalhada, que o principal tem que fornecer ao agente (no caso, o corretor, o despachante e o advogado) a fim de conceder-lhe poderes para o desempenho da tarefa. A relação é voluntária e - muito importante - pressupõe responsabilidades caso o representante não cumpra com o que foi exatamente lhe incubido, ensejando inclusive penalidades e indenizações de descontrato.

Agora, pegue esta descrição sucinta acima de um típico desenho de representatividade e aplique no modelo de governo democrático.  A falácia fica flagrante. Nada mais do que um jogo de palavras para fazer o sujeito acreditar na legitimidade do regime.

Os pretensos agentes do povo são na verdade, os agentes de ninguém.

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