Toda pompa, luxo e grandiosidade inspira no homem comum um sentimento de distanciamento, de respeitabilidade e certa humildade diante da "nobreza" dos locais de trabalho e residências onde os escolhidos do povo exercem sua importante missão.
Pegando carona na boa matéria de Chris Edwards do
Catho Institute (aqui), poderíamos ao lado de toda estas maravilhas arquitetônicas criar o Museu das Obras Inacabadas (MOI), onde seriam desfiladas os verdadeiros monumentos que os governos erguem em homenagem àqueles que lhes prestam deferência, que lhes pagam a conta.
Alguém que saísse pelo Brasil a registrar fatos e imagens desta arqueologia do desperdício (aqui alguns exemplos toscos) certamente juntaria material farto para o MOI.
De pontes que ligam coisa alguma a lugar nenhum, a ferrovias que se transformaram em paisagem no meio do nada. A prodigalidade dos nossos planejadores e peritos da gestão pública é centenária e a única coisa que não arrefece, esteja a economia em ciclo de alta ou de baixa.
A decisão de investir numa obra é um dos eventos mais estudados e analisados quando se trata da iniciativa privada. Imobilizar capital requer estudos pormenorizados pois os retornos são de longo prazo e envolvem diversas variáveis, fiscais, logística, financeiras e mercadológicas. No âmbito público o incentivo a grandes obras, com data de inauguração marcada para coincidir com o período eleitoral já é marca da política embusteira.
"Governar é fazer estradas" já dizia Washington Luís lá no tempos da República Velha.
Em época de empreiteiros presos, o nosso Museu da Obras Inacabadas seria também uma homenagem a eles.
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