quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

AS 4 BESTAS, parte 2

Dando prosseguimento, escreverei algumas palavras sobre a 2ª besta: A impressão de dinheiro.

Muitas pessoas não se dão conta do que tem no bolso, ou em suas contas bancárias, são papéis ou números numa tela de computador que não fosse a confiança dos credores no poder de compra dos mesmos, eles nada valeriam.

O dinheiro é um título de propriedade. O sujeito que está com uma nota de R$5, possui um "documento" que diz, a quem preciso for, que o pedaço de papel que ele carrega é uma outra forma de dizer que ele tem 2 canetas, ou uma entrada de cinema, ou um saco de pipocas. Apenas esta expresso de outra forma, no caso um papel-moeda impresso nas máquinas de impressão do Tesouro Nacional.

A coisa já está tão entranhada no cotidiano que perdermos de vista o significado, confundindo muitas vezes sinais com conteúdo, meios com fins. O dinheiro sem a riqueza que o lastreia, nada mais é do que um papel sem valor.

O que é a riqueza que o lastreia? Ora se voltarmos aos primórdios, veremos que o sujeito trocava seu porco por um punhado de trigo, ou uma peça de roupa por um cadeira. Os particulares começaram a ter problemas na medida que as trocas foram se intensificando e os interesses se tornando mais complexos. Então começaram a usar um instrumento intermediário de troca. Os metais preciosos, após um longo processo de tentativas de uso das mais variadas "moedas mercadorias", foram os que melhor serviram a este intento.

Então o sujeito passou a aceitar trocar seu porco pelas 2 moedas de ouro e estas pelo punhado de trigo. O ouro era mais fácil de ser carregado e trocado do que o porco. Esta percepção de valor, este reconhecimento generalizado do poder de compra das tais moedas douradas vem da escassez do metal usado para produzí-lo. Os agentes do mercado sabiam que ele não surgia do nada. Ou seja, ele guardava uma relação equilibrada e constante com o que era produzido na economia.

Imagine que uma ilha com 1.000 habitantes produz um PIB anual de 60 porcos, 1 ton de trigo, 500 cadeiras, 1000 camisas e 500 sapatos. Estes produtos são representados por 10.000 moedas de ouro. Se alguém achar um baú enterrado com mais 5.000 moedas, isso não alterará o PIB e sim apenas a representação monetária do mesmo. Como não é todo dia que aparece um baú dourado escondido, sabemos que a relação moeda-produção está protegida.

Numa economia em que se produz apenas porcos e trigo, se a produção das duas mercadorias se mantém constante, um porco deve valer sempre o mesmo punhado de trigo. Mas imagine que agora apareça um novo agente na ilha que diz produzir porcos (mas que na verdade, só achou uma forma mágica de transformar terra em ouro). Ora é de se esperar que porcos passarão a valer menos que trigo. Mas na medida que as trocas forem ocorrendo e não se comprovar o aumento equivalente de porcos prometido pelas novas moedas postas magicamente em circulação, ocorrem 3 coisas:
(1) O charlatão obteve uma vantagem inicial ao ter direito a punhados de trigo e de porcos sem ter produzido nada;
(2) Uma inflação decorrerá depois que se restabelece a relação real de produção e da nova quantidade de moedas existentes;
(3) por último, mas o mais importante, os produtores de porcos que no início do processo trocaram um porco por menos trigo, tiveram seu direito de propriedade espoliado.(perderam porcos para o charlatão e para os produtores de trigo)

Com este exemplo simples fica fácil entender o que é o dinheiro e suas funções (reserva de valor, meio de troca e unidade de conta), de onde vem tal valor e quem é o charlatão nos dias que correm.

Se o charlatão (leia-se governo) não tiver uma âncora que o impeça de imprimir dinheiro, ele o fará até descobrirem sua fraude e tudo vir abaixo… antes o constrangimento era a produção das coisas em si (porcos e trigo), depois passou a ser a relativa escassez do metal escolhido como instrumento da troca (foi o ouro até 1971) e hoje é,…, bom hoje não tem nada que o impeça, veja abaixo o resultado:






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