sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

AS 4 BESTAS, parte 3

Escreverei sobre a 3ª besta, a Dívida Pública.


No princípio o rei reunia seus mais destacados nobres para…lhes pedir dinheiro a fim de custear suas guerras. O monarca não tinha um exército permanente e precisava contratar soldados e armas para empreender seus combates de conquistas ou de defesa.
A nação era propriedade privada do rei e a ele cabia as dívidas auferidas para expansão ou a preservação do seu patrimônio.

Até a criação do Banco da Inglaterra em 1694 e da dívida pública, toda arrecadação precisava ser continuamente negociada e, devido aos constantes calotes reais, os juros cobrados destes governantes ficava acima do que era cobrado de particulares. O montante da dívida, quando muito, chegava a 5% do PIB e mais de 90% da mesma era usada em guerras.

O grande "pulo do gato" foi a venda da idéia que a dívida passaria a ser para financiar o interesse do povo, com o advento da democracia republicana, a propriedade da nação passou a ser de todos (portanto de ninguém, na prática). O comando do país passou a ser exercido por "zeladores" representantes do "povo" e eleitos por estes, que ocupariam temporariamente o governo sob a delegação e a supervisão de seus representados.

Na teoria tudo muito lindo, mas como na prática estamos falando de seres humanos, o regime democrático republicano se transformou numa máquina de gasto, e quem gasta mais do que produz, se endivida. Vários são os países que hoje conseguem algo impensável séculos atrás, atingir um volume de dívida maior do que todo o seu produto interno bruto.
E o governo passou do gasto, basicamente voltado para a defesa de priscas eras para, gastos com a pobreza, com os desempregados, com os deseducados, com os deficientes físicos, com os idosos, com as crianças, com os doentes, com as grávidas, com os empresários nacionais, com  os pequenos agricultores, com os índios, com os sem casa, com os sem terra, com os banqueiros, com os sindicatos, com os negros, com políticos, e a lista continua…

Dívida do governo quem paga não é o governo, em última instância ele não produz nada, quem paga é a sociedade. Portanto não se trata de uma questão de natureza fiscal, mas social. Dívida do governo significa menor volume de recursos (financiamento)para a iniciativa privada (crowding out). Dívida do governo significa maior juros, menor investimento, menor crescimento.


Uma questão particularmente explosiva com relação a dívida, diz respeito ao défict intergeracional ligado à previdência. Hoje, nos EUA por exemplo, existem 4 trabalhadores (pagadores de impostos) para cada 1 pensionista, daqui a apenas 15 anos, o número será de 2 para 1, ou seja, uma queda de 50% no número de contribuintes ativos para cada aposentado. No Brasil, hoje para cada idoso, existe 10 jovens em idade ativa. Em 2050 será pouco menos de 3 para cada idoso. Não dá para negociar com a aritmétrica. 

Caso trouxermos então a valor presente este déficit não lastreado da previdência social americana, qual é o valor do rombo que estamos falando? U$127 trilhões. Quase o dobro do PIB mundial.

Para fechar uma frase e um gráfico.

"Entendi, mas quero saber o seguinte:isso estoura neste governo ou não?"
Líder do governo na Câmara de Deputados a um assessor do então ministro do Planejamento brasileiro, após assistir a uma exposição do perigoso desequilíbrio previdenciário…em 1982 !




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