quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

FÁBRICA DE CRIMES, EXTERMINADOR DA MORAL

A mesma pessoa, a mesma atividade, recebe em lugares diferentes, em épocas diferentes ou em  circunstâncias diferentes entendimento oposto em vista da lei. Em uma o sujeito vai pra trás das grades ou até mesmo pro corredor da morte, na outra ele será no máximo, vítima de um olhar atravessado.

- Jogar num cassino em Monte Carlo ou em Las Vegas é diversão, no Brasil ou no Canadá é crime.

- Fumar maconha no Uruguai ou na Holanda é um ato de rebeldia, na Austria ou no Brasil é crime.

- Trair o marido no Irã ou na Arábia Saudita é crime (punido com morte por apedrejamento), nos EUA ou no Brasil é, no máximo, safadeza.

- Comprar vinho ou Vodka nos EUA é promessa de festa animada hoje em dia, na década de 1920 era pedir pra ir pra cadeia.

- Comprar drogas na farmácia você é um doente, comprar no morro você é um bandido.

- Tirar a própria vida pulando do 20º andar ou dando um tiro na cabeça é um lamentável suicídio, mas se matar de forma involuntária dirigindo sem cinto de segurança não pode, é crime aqui no Brasil

- O empresário dono de posto de gasolina que adiciona álcool no combustível quando está caro para Petrobrás importar gasolina é um criminoso, no cenário contrário ele é um zeloso cumpridor da lei.

Diz-se que a cadeia é uma escola do crime, pode ser. Mas certamente o Estado hoje é o seu preceptor. Quais as conseqüências desta intromissão? Que transformou o ato de recriminar, de uma função social e moral dos integrantes de uma cidade para uma tarefa burocrática de um "iluminado" sentado na cadeira de deputado ?

1º) O judiciário atolado de processos, que levam décadas para serem concluídos e o juiz como um memorizador de códigos e de milhares de leis ao invés de um árbitro imparcial e experiente conhecedor dos costumes.

2º) Determinadas condutas se transformaram em empreendimentos altamente lucrativos. Al Capone não ficou milionário quando vender bebida alcoólica era legal, seu apetite ao risco era acima da média e incluía a possibilidade de ser preso como uma conseqüência tolerável para a obtenção de riqueza. A diferença entre um vendedor de coisas ilegais e o vendedor de coisas legais é que a margem de lucro do primeiro é tão alta que a possibilidade, incerta, de ir para cadeia também entra na sua contabilidade gerencial. Traficantes de drogas preferem vender cocaína e maconha do que prozac e antibiótico.

3º) Antes tudo era permitido exceto o que os olhares recriminatórios dos pares, a contrariedade da família ou a reprovação dos amigos não permitia, hoje nada é permitido sem antes uma consulta pormenorizada nas milhões de leis (de abrir uma empresa à dirigir um automóvel). Será que somos tão superiores assim aos nossos antepassados ? Ou somos só mais arrogantes ?

"Quando a lei e a moral contradizem uma a outra, o cidadão tem a escolha cruel de ou perder seu senso moral ou seu perder o respeito pela lei" Frederic Bastat

É isso. Estamos perdendo o senso moral.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores

Economia (23) Brasil (20) Estado (20) desenvolvimento (14) Dilma (13) democracia (13) inflação (12) política (11) PIB (10) governo (10) investimentos (10) sugestão de leituras (9) BNDES (8) corrupção (8) crescimento (8) história econômica (8) moral (8) Capitalismo (7) Mantega (7) Petrobrás (7) liberdade (7) EUA (6) dívida (6) educação (6) gasto público (6) intervencionismo (6) rent-seeking (6) carga tributária (5) lei (5) produtividade (5) protecionismo (5) Adam Smith (4) Impeachment (4) Marx (4) Mercado (4) cidades (4) ciência (4) egoísta (4) eleições (4) impostos (4) liberalismo (4) projeção (4) socialismo (4) Caixa Econômica (3) China (3) Friedman (3) Lula (3) Manifestações (3) The Economist (3) capitalismo de compadrio (3) constituição (3) crise financeira (3) economia comportamental (3) filosofia (3) impunidade (3) instituições (3) mensalão (3) superávit primário (3) violência (3) Banco Central (2) Bancos (2) David Friedman (2) Eike Batsita (2) Estatal (2) Fernando Henrique (2) PT (2) Roberto Campos (2) américa latina (2) analfabeto (2) balança comercial (2) compadrio (2) comportamento (2) comércio (2) confiança (2) confisco (2) conjuntura (2) consumo (2) desenvolvimentismo (2) desregulamentação (2) economistas (2) filosofia moral (2) finanças (2) frases (2) gastos (2) imposto (2) juros (2) justiça (2) marcas (2) pessimismo (2) previdência social (2) preço (2) privatização (2) reformas (2) representatividade (2) serviço publico (2) welfare state (2) Ambev (1) André Lara Resende (1) Apple (1) BETO RICHA (1) Banco Mundial (1) Bastiat (1) Big Mac (1) Bill Gates (1) Cato Institute (1) Chaves (1) Cisne Negro (1) Coréia (1) Deirdre McCloskey (1) DÉBT (1) Energia (1) Estado do bem estar social (1) Europa (1) FED (1) FHC (1) FMI (1) Facebook (1) Forbes (1) França (1) G20 (1) Gasto (1) H.L Mencken (1) Hume (1) ICMS (1) IPCA (1) Ilusão (1) Joaquim Levy (1) Jornal Nacional (1) Keyenes (1) Keynes (1) Krugman (1) LRF (1) Leviatã (1) Lutero (1) MST (1) Malthus (1) Mansueto Almeida (1) Mercosul (1) Michael Huemer (1) Ministério (1) Miriam Leitão (1) México (1) Nature (1) Nelson Rodrigues (1) Oposição (1) PARANÁ (1) Pesca (1) Reeleição (1) Ricardo (1) Risco Brasil (1) Ronald Coase (1) SAE (1) Santa Maria (1) Schumpeter (1) Seguro Desemprego (1) Selic (1) Simonsen (1) Stanley Fischer (1) The Machinery of Freedom (1) Toqueville (1) Veja (1) Von Mises (1) Walter Williams (1) Watsapp (1) alienação (1) analfabetismo (1) apocalipse (1) assistencialismo (1) autoengano (1) bailout (1) bolsa família (1) causalidade (1) censura (1) cinema (1) comunismo (1) conformismo (1) consumismo (1) contas públicas (1) controle (1) correlação (1) costumes (1) cotas raciais (1) crime (1) crise (1) critérios de medição (1) crédito (1) cultura (1) custo brasil (1) desemprego (1) desperdício (1) dever moral (1) discriminação (1) discriminação pelo preço (1) discurso (1) débito (1) econometria (1) educação pública (1) eonomia (1) espirito animal (1) felicidade (1) filantropia (1) fiscal (1) fisiologismo (1) funcionário público (1) ganância (1) governo; Iron law (1) greve (1) gráficos (1) guerra dos portos (1) icc (1) idiota (1) ignorância (1) igualdade (1) imobilidade (1) imprensa livre (1) incentivos (1) indivíduo (1) ineficiência (1) inovação (1) instituição (1) intuição. (1) livre comércio (1) livre mercado (1) macroeconomia (1) matemática (1) miséria (1) moeda (1) monopólio (1) monopólio estatal (1) mão-de-obra (1) negócios (1) neurociência (1) nobel (1) obras públicas (1) orçamento (1) padrão ouro (1) planos de saúde (1) poder (1) poder de compra (1) político (1) povo (1) preços (1) prisão (1) professor (1) recompensa do fracasso (1) renda (1) representação (1) retórica (1) saúde (1) segurança (1) shared spaces (1) shopping centers (1) sociedade (1) sociologia (1) subsídio (1) totalitarismo (1) trabalho escravo (1) tragédia (1) transporte público (1) troca (1) trânsito (1) urna eletrônica (1) utilidade (1) utopia (1) viéses (1) voto (1) vídeos (1) xisto (1) óbvio (1)

Postagens populares