Desde que assumiu o controle da Fazenda, o ministro Mantega deixou claro sua visão da economia. Para ele o modelo eficiente de política é o velho e esfarrapado nacional desenvolvimentismo, onde o Estado escolhe as empresas ditas estratégicas para destinar privilégios, pisa o pé no acelerador dos gastos, diminui juros e abre a porteira do crédito via bancos públicos. Enfim o negócio é turbinar a demanda. Com a chegada de Dilma ao poder os pensamentos se alinharam e a sanha intervencionista ganhou contornos quase bíblicos.
As vendas no varejo quase triplicaram nos últimos 12 anos.
O nível de emprego atingiu recordes históricos.
A inflação boa (para popularidade do governo) vicejou o cenário econômico, ou seja, os preços dos serviços em alta e dos bens duráveis em baixa. Traduzindo: O setor que emprega quase 70% da mão-de-obra ganhou mais dinheiro e pode comprar carros, televisão e geladeira mais baratos.
O crédito passou a 55% do PIB. Há 12 anos este número mal chegava a 20%.
Tudo isso, entretanto, deveria ter se traduzido em expansão do investimento. Todo o modelo Mantegodilmista se baseava nesta premissa. Mas... O investimento não veio. A indústria, encurralada pelas margens menores (salários em alta, dólar baixo, imposto alto e a infra-estrutura horrorosa de sempre) , só fez diminuir sua atividade
A quebra do modelo foi provocada por algumas razões, entre as mais relevantes poderíamos destacar:
1) O atingimento do limite de comprometimento de renda do consumidor. Lembrando que aqui as famílias destinam cerca de 21% de sua renda para pagamentos de financiamentos, mais alto do que nos EUA, por exemplo, que é considerado um país super gastador.
2) A redução do crescimento Chinês. Já existem analistas dando conta que a 2ª maior economia do mundo e maior compradora de nossas commodities não atinge nem 7% de aumento do PIB este ano. Até pouco tempo este indicador era, fácil, de dois dígitos.
3) A expectativa do fim das políticas expansionistas do FED, que pressionam o dólar mundo afora e uma realocação de investimentos.
4) Inflação batendo a porta. É consenso entre os analistas que o governo perdeu a credibilidade na ancoragem das expectativas dos agentes. As seguidas ultrapassagens do teto superior da meta já fizeram o estrago e o aumento dos juros como remédio terá que ser maior. Para piorar ainda temos o câmbio desvalorizando e o aumento dos gastos do governo por conta das manifestações e chegada das eleições.
5) O microgerenciamento da economia, o balcão de atendimento aos lobies dos grupos de interesse que se transformou Brasília e as constantes mudanças de regra no modelo de privatizações afastando investidores completam o quadro.
O fato é que o Brasil deverá passar por um hard landing, investidores pesados têm se desfeito de posições no país, as nossas contas externas estão se deteriorando e até o desemprego já ameaça encerrar a sua lua de mel.
Tudo isto posto. As eleições daqui a 15 meses passa a ser um importante marco na administração dos tempos mais "bicudos" que estão por vir. Vamos torcer para que os atuais condutores da economia sejam alijados de seus postos, pois como diz um velho ditado: "Quando a realidade não muda a opinião de certas pessoas, muda-se de pessoas."
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