O principal problema das intervenções governamentais, na maior parte do tempo, não é sua intenção mas o que elas realmente causam.
Um dos principais vieses que agem sobre o ser humano é o da ilusão do controle. Você já se pegou sentando do mesmo lado do sofá de quando seu time ganhou da última vez, ou usando a mesma camisa, bermuda ou cueca ? Você já dirigiu depois de alguns drinks achando que pelo fato de ser você quem estará atrás do volante nada de mau irá acontecer ? Você já teve a sensação que a megasena está acumulando seguida vezes por que você ainda não jogou os seus números ?
No casino a maioria das pessoas tendem a jogar os dados com força quando desejam que saia um número alto e jogam de forma delicada quando torcem por um número menor. A ilusão do controle é a tendência de acreditar que temos poder de influenciar resultados que estão objetivamente fora do nosso alcance. Este erro de julgamento é sistemático e atinge com especial intensidade quando aplicado a pessoas em cargos de gestão, chefia ou de poder. Pois é inerente ao pensamento destas pessoas que elas são as responsáveis pela condução da empresa, da comunidade ou da economia do país e por conta disso precisam sistematicamente tomar decisões, implantar regras, dar ordens.
Na época que o Vietnã era colônia Francesa, o governo implantou um prêmio em dinheiro para cada rato morto que fosse entregue. O objetivo era acabar com a praga dos roedores, mas o resultado foi a criação de verdadeiros viveiros do animal. Em 29 de outubro de 1984 o governo brasileiro introduzia a lei da informática, que proibia a importação de qualquer computador estrangeiro com o objetivo de fomentar a indústria nacional de PCs, o resultado foram duas décadas de apagão tecnológico.
Os exemplos são abundantes pela história e a lição que ela e a moderna neurociência nos ensina é que existem muito poucas coisas que realmente temos controle. Estão no terreno da aleatoriedade. Como se não bastasse diversos outros argumentos, este é apenas mais um a se alinhar à desejabilidade de um Estado mínimo. Quando ouvirmos no noticiário que um novo subsídio ao setor automotivo vai aumentar o investimento no setor, ou que a exigência de 60% de conteúdo nacional nos projetos do pré-sal vai gerar desenvolvimento e emprego no país, lembre-se de que tudo não passa de doce ilusão.
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