sexta-feira, 12 de julho de 2013

IGUAIS NA MEDIOCRIDADE

Suponha que você faça parte de um grupo de corredores que resolveu formar uma equipe para treinar e correr juntos a São Silvestre. O time é formado por 10 pessoas e ao longo do período preparatório logo nota-se que, como a genética sempre é teimosa, a diferença entre o mais veloz e o mais lento esta na cada dos 20 minutos. O melhor corredor da turma faz o percurso em 80 minutos e o último em 100 minutos.

No nosso exemplo os corredores resolveram que fariam toda prova em conjunto, do que logicamente se induz que o tempo de todo o time será ditado pelo mais lento, ou seja 100 minutos. Supondo que os tempo obtidos caso cada um desse o melhor de si fosse: 80, 82, 85, 88, 90, 96, 97, 98 e 100, a média de performance seria de 90 minutos. Portanto 10 minutos melhor do que a decisão pela igualdade gerou.

Esse pequeno experimento teórico ilustra muito bem o que ocorre no Brasil desde a redemocratização a partir da segunda década dos anos 1980.

Sempre houve grupos de interesses que buscaram ao longo da história brasileira obter vantagens do Estado, entretanto éramos uma sociedade elitista, onde o grosso da população não tinha consciência da farra e nem representação política para buscar seu quinhão.

Isso mudou a partir do fim da ditadura. A pedra angular que marca o início dessa nova era é a Constituição de 1988, também conhecida como a "Constituição Cidadã. Educação, saúde, segurança, transporte, alimentação, moradia e o voto passaram a ser universais e direito de cada trabalhador. "Todo o poder emana do povo ...." // "...garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,..."// " salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,.."

Não se discute a boa intenção dos arquitetos da nossa carta magna, mas como diz o velho ditado: De boas intenções o inferno esta cheio. Algumas das maiores atrocidades da história humana foram cometidas em nome das boas intenções, a priori. 

Na prática criou-se ambiente similar ao do nosso exemplo do grupo de corredores. Em nome da igualdade, a performance econômica do país e consequentemente o nível e qualidade do nosso produto passou a ser pautado por aquilo que o menos capaz consegue entregar.

A proteção a nossa industria, obstruiu o investidor e o consumidor de ter acesso ao estado da arte produzido no exterior. As escolas públicas, independente do nível de ensino que entrega, tem acesso aos mesmos recursos. Uma imensa renda é sugada da sociedade, através de tributos, e repassada sob a forma de assistencialismo, acostumando mal o assistido e diminuindo verba de investimentos que estaria, em última instância, gerando empregos para termos menos pessoas precisando de assistência.

A natureza nos fez diferentes. É na diversidade que mora os incentivos a inovação e a ambição do progresso. A pobreza absoluta deve ser combatida, mas o combate da pobreza dos que estão em idade para trabalhar mas não trabalham, dos que podem pagar por sua educação mas não pagam, dos que podem ter boa saúde mas não querem, dos que podem pagar por uma entrada inteira mas pagam meia, dos que podem administrar seu dinheiro de forma racional mas não o fazem, está condenando a todos a mediocridade.
Elo Mais Fraco Fotos de Stock - Imagem: 11045833

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores

Economia (23) Brasil (20) Estado (20) desenvolvimento (14) Dilma (13) democracia (13) inflação (12) política (11) PIB (10) governo (10) investimentos (10) sugestão de leituras (9) BNDES (8) corrupção (8) crescimento (8) história econômica (8) moral (8) Capitalismo (7) Mantega (7) Petrobrás (7) liberdade (7) EUA (6) dívida (6) educação (6) gasto público (6) intervencionismo (6) rent-seeking (6) carga tributária (5) lei (5) produtividade (5) protecionismo (5) Adam Smith (4) Impeachment (4) Marx (4) Mercado (4) cidades (4) ciência (4) egoísta (4) eleições (4) impostos (4) liberalismo (4) projeção (4) socialismo (4) Caixa Econômica (3) China (3) Friedman (3) Lula (3) Manifestações (3) The Economist (3) capitalismo de compadrio (3) constituição (3) crise financeira (3) economia comportamental (3) filosofia (3) impunidade (3) instituições (3) mensalão (3) superávit primário (3) violência (3) Banco Central (2) Bancos (2) David Friedman (2) Eike Batsita (2) Estatal (2) Fernando Henrique (2) PT (2) Roberto Campos (2) américa latina (2) analfabeto (2) balança comercial (2) compadrio (2) comportamento (2) comércio (2) confiança (2) confisco (2) conjuntura (2) consumo (2) desenvolvimentismo (2) desregulamentação (2) economistas (2) filosofia moral (2) finanças (2) frases (2) gastos (2) imposto (2) juros (2) justiça (2) marcas (2) pessimismo (2) previdência social (2) preço (2) privatização (2) reformas (2) representatividade (2) serviço publico (2) welfare state (2) Ambev (1) André Lara Resende (1) Apple (1) BETO RICHA (1) Banco Mundial (1) Bastiat (1) Big Mac (1) Bill Gates (1) Cato Institute (1) Chaves (1) Cisne Negro (1) Coréia (1) Deirdre McCloskey (1) DÉBT (1) Energia (1) Estado do bem estar social (1) Europa (1) FED (1) FHC (1) FMI (1) Facebook (1) Forbes (1) França (1) G20 (1) Gasto (1) H.L Mencken (1) Hume (1) ICMS (1) IPCA (1) Ilusão (1) Joaquim Levy (1) Jornal Nacional (1) Keyenes (1) Keynes (1) Krugman (1) LRF (1) Leviatã (1) Lutero (1) MST (1) Malthus (1) Mansueto Almeida (1) Mercosul (1) Michael Huemer (1) Ministério (1) Miriam Leitão (1) México (1) Nature (1) Nelson Rodrigues (1) Oposição (1) PARANÁ (1) Pesca (1) Reeleição (1) Ricardo (1) Risco Brasil (1) Ronald Coase (1) SAE (1) Santa Maria (1) Schumpeter (1) Seguro Desemprego (1) Selic (1) Simonsen (1) Stanley Fischer (1) The Machinery of Freedom (1) Toqueville (1) Veja (1) Von Mises (1) Walter Williams (1) Watsapp (1) alienação (1) analfabetismo (1) apocalipse (1) assistencialismo (1) autoengano (1) bailout (1) bolsa família (1) causalidade (1) censura (1) cinema (1) comunismo (1) conformismo (1) consumismo (1) contas públicas (1) controle (1) correlação (1) costumes (1) cotas raciais (1) crime (1) crise (1) critérios de medição (1) crédito (1) cultura (1) custo brasil (1) desemprego (1) desperdício (1) dever moral (1) discriminação (1) discriminação pelo preço (1) discurso (1) débito (1) econometria (1) educação pública (1) eonomia (1) espirito animal (1) felicidade (1) filantropia (1) fiscal (1) fisiologismo (1) funcionário público (1) ganância (1) governo; Iron law (1) greve (1) gráficos (1) guerra dos portos (1) icc (1) idiota (1) ignorância (1) igualdade (1) imobilidade (1) imprensa livre (1) incentivos (1) indivíduo (1) ineficiência (1) inovação (1) instituição (1) intuição. (1) livre comércio (1) livre mercado (1) macroeconomia (1) matemática (1) miséria (1) moeda (1) monopólio (1) monopólio estatal (1) mão-de-obra (1) negócios (1) neurociência (1) nobel (1) obras públicas (1) orçamento (1) padrão ouro (1) planos de saúde (1) poder (1) poder de compra (1) político (1) povo (1) preços (1) prisão (1) professor (1) recompensa do fracasso (1) renda (1) representação (1) retórica (1) saúde (1) segurança (1) shared spaces (1) shopping centers (1) sociedade (1) sociologia (1) subsídio (1) totalitarismo (1) trabalho escravo (1) tragédia (1) transporte público (1) troca (1) trânsito (1) urna eletrônica (1) utilidade (1) utopia (1) viéses (1) voto (1) vídeos (1) xisto (1) óbvio (1)

Postagens populares