domingo, 9 de dezembro de 2012

FECHADO PARA O COMÉRCIO, FECHADO PARA O FUTURO

O Brasil é um país "ultramegasuper" fechado, seu coeficiente de importação (volume importado  sobre o PIB, tendo o ano de 2011 como referência) é o menor do mundo. (Pelo menos entre os países de que se tem dados disponíveis). É sabido que o país se industrializou utilizando o modelo de substituição de importações onde o governo protegia determinados setores, fechando seu mercado a concorrência estrangeira e fornecendo subsídios para que grupos internos desenvolvessem sua produção dentro do país. Ok, até que este expediente funcionou com algum sucesso até meados da década de 70, mas atualmente a história é bem outra.


É lamentável que após mais de 200 anos da teoria das vantagens comparativas, em que o economista inglês David Ricardo comprovou que a melhor forma de uma nação prover produtos de qualidade e baratos para seu povo é se especializando em determinadas atividades na qual possui uma vantagem, comparativa aos demais países concorrentes, e comercializando-as em troca daqueles bens produzidos, seguindo a mesma ótica, em países estrangeiros. 


Por aqui nossos governantes têm a pretensão de que sejamos auto-suficientes em tudo, de A a Z. Fica mais eficiente, portanto, ao empresário nacional ir chorar pro governo por um aumento do imposto de importação aqui, uma cota de importados ali, uma barreira sanitária mais acolá do que investir em inovação, modernizar a gestão ou criar alternativas que aumentem a qualidade de seus produtos e melhorem a sua competitividade.

Ao final desse jogo, em que o Governo se dispõe a ouvir e atender ao loby das empresas ineficientes e do empresário que recorre a esse expediente sempre que esta perdendo mercado à concorrência estrangeira, só temos um perdedor: O consumidor brasileiro. Ele vai pagar mais caro por um produto de pior qualidade. É um ciclo vicioso que impõe pressão sobre a inflação e amarras à produtividade.

É preciso visão estratégica e muito poder de oratória os políticos (sem falar em   desapego a ideologias e dogmas esquerdistas) para convencer as massas eleitorais de que no curto prazo haverá empresas quebrando e desemprego subindo no processo de abertura das barreiras protecionistas, mas ao final sairemos com maior capacidade competitiva, mais crescimento e um mercado consumidor mais exigente e bem atendido.

Em recente matéria a conceituada revista The Economist reporta o novo bom momento por que passa o México e com futuro ainda mais alvissareiro. Na última década o México se abriu para o comércio internacional fazendo mais de 44 acordos de livre comércio mundo afora, além de já ser parte do Nafta. (o bloco econômico composto pelo México, EUA e Canada). Amargou a concorrência chinesa que desde a entrada do país asiático na OMC tirou mercado da indústria mexicana e jogou o país, nos primeiros dez anos do século XXI, numa onda de crescimento fraco, média 1,6% (menos da metade do Brasil no mesmo período). 

Após o choque de competitividade a indústria mexicana passou pela famosa "destruição criativa" (termo cunhado pelo célebre economista austríaco Joseph Schumpeter para descrever o processo de inovação nas economias de mercado onde o novo e mais eficiente dá lugar ao velho e atrasado) e hoje produzir no México (quando você coloca custo de salário, logística e flutuação do cambio) passou a ser mais barato, para os norte americanos, do que na China, na India ou mesmo no Vietnã. O México passou pela forja dos guerreiros, saindo mais forte e mais competitivo para lutar na batalha contínua e cada vez mais árdua pelo mercado global. O país já forma anualmente mais engenheiros do na Alemanha. Honda, Nissan, Mazda, Audi e diversas outras empresas automobilísticas estão ampliando ou instalando parques fabris onde mais de 80% dos componente serão produzidos no interior das fronteiras mexicanas.

Agora o que é mais assustador. Já existem não pouco especialistas apontando o México como a maior economia da América Latina, destinada a tirar o Brasil deste posto nos tempos que virão. Este ano eles deverão crescer acima de 4%, enquanto aqui ficaremos no máximo em 1,5% e para os próximos o novo presidente eleito, Enrique Peña Nieto, espera alcançar taxas de crescimento superior a 6% até o fim de seu mandato. 

Enquanto isso vamos nos contentando em assistir na televisão o tempo todo comerciais das concessionárias trombeteando : Venham, venham, não percam a promoção deste último final de semana com IPI reduzido !!!  Pelo Amor de Deus ...


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