Na economia capitalista existem poucas coisas mais importante do que o PREÇO. Ele é que transporta o conhecimento do mercado e direciona seus agentes para a melhor tomada de decisão. Uma anomalia é rapidamente transmitida através dele para que as devidas correções se façam. O preço é instrumento de planejamento, por ele o empresário sabe quanto precisa poupar para fazer o aumento da sua fábrica ou por uma família sabe quanto de trabalho deverá ser alocado para pagar uma viagem ao exterior ou para orçar os gastos a fim de pagar a faculdade do filho. Talvez o mais importante: O preço é quem informa o que produzir, o quanto produzir, onde produzir e para quem produzir.
Na vida estamos o tempo todo tomando decisões econômicas, não podemos ter tudo o que queremos, precisamos portanto alocar nossos recursos, nosso capital, nosso esforço, nosso dinheiro naquelas opções que, dentre muitas, maximizem a satisfação dos nossos desejos. Qual é o balizador mestre deste processo: O Preço.
Vamos exemplificar com algumas hipóteses. O preço pode este ano lhe "dizer" por exemplo para não viajar para o nordeste. Note que você nem precisa saber o motivo, talvez a causa seja um inverno rigoroso no hemisfério norte que tenha aumentado a onda de turistas que encareceram os serviços. Não importa, o preço já te "aconselhou" a tomar a melhor decisão. Da mesma forma ele também é quem eventualmente indicará ao agricultor para plantar trigo, no lugar de milho, porque houve uma quebra de safra gigantesca causada por um tornado nos EUA. Ele também pode lhe "falar" para evitar andar mais carro e substituí-loc pelo metrô, devido ao aumento dos preços da gasolina. Você também nem precisa saber que este aumento se deve a uma nova guerra na região do golfo que paralisou a produção na Arábia Saudita.
Ludwig Von Mises, expoente economista da escola austríaca, explicitou como poucos o papel central do preço no capitalismo. Leia esta passagem de seu livro "As seis lições":
Para que fosse possível substituir o sistema de preços na economia cada vez mais dividida e complexa de hoje, teria que haver um ser onipresente com uma inteligência descomunal e uma capacidade de processamento maior do que qualquer computador já feito para determinar o que produzir, quando, onde, por quem, pra quem, quanto e como. Os soviéticos tentaram até inventar este ser por lá. Chamava-se Gosplan (órgão de planejamento central da economia comunista na URSS) mas que, embora tenha obtido relativo sucesso para tirar os russos da economia agrícola semi-feudal que se encontravam logo após a revolução, terminou num retumbante num fracasso.
Diante do exposto, para que o sistema de preços exprima com a maior exatidão possível o valor real e também relativo dos bens é primordial que ele esteja livre de controles superficiais ou qualquer gestão supramercado, pois o que estas espécies de "amarras" provocarão são ruídos pelo caminho e que em última estância acabarão por gerar excessos ou escassez de produtos, ineficiência. Exatamente o que ocorreu quando o presidente José Sarney congelou o preços no plano cruzado ou, no outro extremo, imprimiu sem parar dinheiro para pagar dívida, gerando inflação, que em última análise nada mais é do que um desarranjo nos preços, por estar a emissão de moeda em desacordo com a produção dos bens.
No Brasil o sistema de preços está longe de funcionar como deveria. A presença maciça do Estado na economia gera toda sorte de desequilíbrios. Vamos a alguns deles: (1) O controle artificial do preços da gasolina estimula o uso do automóvel acima da capacidade das vias e provoca prejuízos aos produtores de etanol. (2) A diminuição do custo do dinheiro (através de prática de juros abaixo do mercado e afrouxamento de políticas de crédito) nos bancos públicos, provoca aumento da inadimplência (claro que eles podem fazer isto tranquilamente porque se o Banco do Brasil ou a CEF precisarem de dinheiro, o governo - ou melhor nós - cobrimos o rombo, como já fizemos varias vezes em passado não muito distante). (3) Ao querer, por decreto, determinar qual será o lucro nos processos de privatizações dos aeroportos e renovações das concessões para as empresas de energia, espanta investidores e esvazia os leilões. (4) Ao aumentar preços, por pressão de lobistas, de produtos importados (via aumento de IPI ou II) diminui a concorrência e deixa o empresário nacional livre para aumentar o preço de seu produto, gerando inflação. (5) E ao segurar o artificialmente o preço do real frente a outras moedas (taxa de cambio) provoca perda de confiança do investidor e mexe com toda estrutura de preços relativos no mercado de produtos comercializáveis. Estes exemplos poderiam seguir, infelizmente, até a casa dos milhões.
Para encerrar, uma máxima de autoria desconhecida: "O melhor governo é aquele que menos governa".
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