Fecharemos 2012 com um PIB crescendo entre 0,9% e 1,2% e como a taxa de crescimento populacional no Brasil gira na casa de 1,1%, obteremos, portanto, um crescimento per capita nulo neste ano que esta se encerrando.
Não adianta culpar a crise internacional pois ela já estava dada antes mesmo de 2010 quando o Brasil cresceu 7,5% e 2011 quando o PIB aumentou em 2,7%. A fase mais aguda da crise foi em 2009 quando a zona do Euro despencou 4,4% e o Estados Unidos 3,1%. De lá pra cá nenhuma queda desta magnitude se repetiu, pelo contrário, os EUA vem se recuperando e a Europa anda de lado sem, no entanto, apresentar um declínio daquela natureza. Vale ainda ressaltar que outros países aqui da vizinhança que se encontram no mesmo planeta apresentarão taxas quatro vezes maiores que a nossa. (Chile, Peru, Colombia, México e até a Argentina)
Não adianta culpar os juros altos, a Selic só fez diminuir e irá fechar 2012 em seu volume mais baixo de todos os tempos, 7,25%. Se antes ocupávamos o primeiro lugar no ranking mundial dos juros reais (Selic descontada a inflação), atualmente só estamos em quarto, atrás da China, Chile e Austrália. Em novembro este número (juros reais) no Brasil era de 1,7%. A bengala exaustivamente usada como desculpa por sindicatos, FIESP e toda sorte de populistas parece, portanto, estar deixando de existir.
Não adianta culpar a falta de crédito, o nosso querido BNDES recebeu do Tesouro mais de de 350 bilhões de reais desde 2007 para financiar projetos (se estes apresentam taxas de retorno eficientes e fatores multiplicadores desejáveis para o resto da economia, daí já é assunto para um outro texto) e os demais bancos públicos alavancaram seus volumes de empréstimos batendo recordes históricos. Atualmente nosso estoque de crédito já supera metade do PIB, algo inimaginável no passado recente do nosso país. Em parte é o que provoca no cidadão comum, juntamente com o aumento da renda, uma sensação de bem estar e a cegueira com relação ao restante dos problemas nacionais.
Já sabemos que a produtividade é um ponto importante e que certamente contribuiu para o número pífio do PIB, mas o que realmente vem surpreendendo negativamente e apresentando uma parcela maior da culpa é o investimento (ou formação bruta de capital fixo no jargão economês). Há 5 trimestres consecutivos esta sigla anda pra trás. A despeito do declarado foco oficial que o governo vêm dando ao assunto, parece que o espírito animal do empresariado não engrena. A pergunta de U$ 1 bilhão é: Por quê o tal do investimento não dá o ar do graça e vem diminuindo há quase 1 ano e meio ?
Sem estudos empíricos só podemos, no momento, especular. Mas vamos ainda a alguns fatos: É a partir do terceiro trimestre de 2011 que se inicia a série negativa do investimento (lembrando que as projeções para o quarto trimestre deste ano também é de queda, o que levaria a um recorde de baixas que só ocorreu uma única vez no período do segundo trimestre de 1998 ao terceiro de 1999). Nos 8 anos de governo Lula, o Governo Central investiu em média 0,8% do PIB (mesmo número da administração FHC), sendo que no último ano - eleitoral - este número subiu (como é de costume), fechando 2010, portanto com 2,9% do PIB. O primeiro ano de Dilma teve um volume de 2,5% de investimento.
Trocando em miúdos, 3% parece ser o limite que o Governo Central pode atingir no curto prazo em termos de investimento e já que o país precisa contar com um volume de pelo menos 20% para seguir crescendo a taxas saudáveis ao redor de 4%, sem pressão inflacionária e mantendo o atual nível de desemprego, a chave para o segredo é óbvia: SETOR PRIVADO.
O setor privado é que vem sistematicamente reduzindo o investimento nestes últimos 15 meses e sem dar sinais que vá mudar no futuro próximo. (O IBRE da FGV já projetou que para o quarto trimestre o investimento continuará sua trajetória de queda).
Existe uma vasta literatura em economia que investiga e tenta explicar os determinantes para o investimento. Poupança, ambiente institucional seguro, taxas de retorno atraentes (portanto custos de capital competitivos) e expectativa de crescimento. Parece que, dentre estes, resolvemos apenas a questão do capital, entretanto ainda que os outros não estejam 100% sanados, chegamos a uma taxa de investimento ao redor de 20% há bem pouco tempo, o que aconteceu então no passado recente ?
A percepção dos agentes econômicos parece estar na linha de descrédito com o crescimento e também há uma desconfiança com relação ao ambiente institucional que recentemente andou sofrendo abalos nos casos das renovações das concessões do setor elétrico (a truculência do governo levou a perdas recordes do valor de mercado das empresas do setor elétrico, está claro que o mercado viu com maus olhos a forma como se deu a atuação do governo para reduzir a conta de energia), na petrobrás e no formato dos modelos de concessões para a privatização dos aeroportos, rodovias e ferrovias.
A hiperatividade do governo nas questões micro-economicas também causa desconforto. É postergação da redução do IPI aqui, aumento das tarifas de importação acolá, reuniões com empresários resmungões e liberação de verbas via BNDES mais ali na frente e assim vai, num ritmo frenético de curativos pontuais sem atuar efetivamente de forma horizontal e ampla nas verdadeiras causas estruturais dos problemas já conhecidos, principalmente no que tange a infra-estrutura e àquelas que elevam o chamado custo Brasil.
A visão da equipe econômica atual é homogênea e falta discordância. Como já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra, e no governo Dilma ela é, infelizmente flagrante.
Trocando em miúdos, 3% parece ser o limite que o Governo Central pode atingir no curto prazo em termos de investimento e já que o país precisa contar com um volume de pelo menos 20% para seguir crescendo a taxas saudáveis ao redor de 4%, sem pressão inflacionária e mantendo o atual nível de desemprego, a chave para o segredo é óbvia: SETOR PRIVADO.
O setor privado é que vem sistematicamente reduzindo o investimento nestes últimos 15 meses e sem dar sinais que vá mudar no futuro próximo. (O IBRE da FGV já projetou que para o quarto trimestre o investimento continuará sua trajetória de queda).
Existe uma vasta literatura em economia que investiga e tenta explicar os determinantes para o investimento. Poupança, ambiente institucional seguro, taxas de retorno atraentes (portanto custos de capital competitivos) e expectativa de crescimento. Parece que, dentre estes, resolvemos apenas a questão do capital, entretanto ainda que os outros não estejam 100% sanados, chegamos a uma taxa de investimento ao redor de 20% há bem pouco tempo, o que aconteceu então no passado recente ?
A percepção dos agentes econômicos parece estar na linha de descrédito com o crescimento e também há uma desconfiança com relação ao ambiente institucional que recentemente andou sofrendo abalos nos casos das renovações das concessões do setor elétrico (a truculência do governo levou a perdas recordes do valor de mercado das empresas do setor elétrico, está claro que o mercado viu com maus olhos a forma como se deu a atuação do governo para reduzir a conta de energia), na petrobrás e no formato dos modelos de concessões para a privatização dos aeroportos, rodovias e ferrovias.
A hiperatividade do governo nas questões micro-economicas também causa desconforto. É postergação da redução do IPI aqui, aumento das tarifas de importação acolá, reuniões com empresários resmungões e liberação de verbas via BNDES mais ali na frente e assim vai, num ritmo frenético de curativos pontuais sem atuar efetivamente de forma horizontal e ampla nas verdadeiras causas estruturais dos problemas já conhecidos, principalmente no que tange a infra-estrutura e àquelas que elevam o chamado custo Brasil.
A visão da equipe econômica atual é homogênea e falta discordância. Como já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra, e no governo Dilma ela é, infelizmente flagrante.