As teses abrangem um grande rol de explicações:
- Fomos uma colônia de exploração, enquanto a America do Norte foi colônia de povoação
- Somos um país de clima quente e tropical que não favorece o trabalho duro
- Somos um país de abundante riquezas minerais e terras férteis, propiciando atividades agro-minerais que requerem pouca qualificação da mão de obra, mas muita concentração de poder
- Somos uma país sem histórico de guerras, até nossa independência foi comprada
- Fomos o último país do continente a abolir a escravidão
- Foi a ditadura...
- Foi a monocultura do café...
Temos muitas e possíveis justificativas para nos encontrarmos onde nos encontramos. E onde nos encontramos ?
Num país confuso, analfabeto científico, subdesenvolvido, corporativista, socialista disfarçado, orgulhoso do futuro, culturalmente ressentido e preso numa armadilha estatista de penúltimo grau.
As idéias já vêm erradas desde o nascedouro.
A academia, dependente de verbas e/ou de licenças oficiais, com um quadro docente egresso de universidades públicas e/ou com pesquisas financiadas pelo erário, são igrejas pregando contra o capitalismo e o livre mercado. Desenvolvimentista, keynesianos, socialistas, marxista, social-democratas, comunistas, bolivarianos, todos, hipócritas, incapazes de sequer tomar conhecimento do que estão criticando e testar hipóteses contrárias.
O poeta e filósofo francês Paul Valéry disse: "a melhor forma de realizar os sonhos é acordando". O problema é que aqui, como diz nosso hino estamos "deitado eternamente em berço esplêndido" e o vislumbre da realidade nos parece muito realista para ser encarado.
A classe artística, que tanto se orgulha de ter brigado para por fim a ditadura militar, anseia por nos meter na ditadura do proletariado (até agora só chegamos na do PTetlariado). Num misto de romantismo dramático com conhecimento raso dos fundamentos econômicos, desfilam seus rostos bonitos e mentes vazias nos eventos e palanques esquerdóides dos políticos mecenas, que os seduzem com fala manda, retórica rebuscada e patrocínios polpudos.
Gostam, por força da profissão, de um espelho e este tem que lhe mostrar a imagem de um "justiceiro social" para dar paz à consciência que deita, come e se veste nos hotéis 5 estrelas e mansões luxuriantes que só o capitalismo proporciona. O talento nas artes parece estar inversamente correlacionado com a perspicácia do cálculo macroeconômico.
Jornalistas (e internautas, tuiteiros e blogueiros) formam a infantaria desta guerra contra a destruição criativa da economia globalizada. O poeta e naturalista americano Henry David Thoreau disse que "não é que você olha que importa, mas sim o que você enxerga".
Os jornalistas vêem um Brasil nas ruas, favelado, violento, desigual e sujo, sem filtros e estabelecem conexões diretas e simplistas: "A culpa é do Brasil rico, encastelado, educado e limpo da zona sul". O jogo é de soma zero e o público percebe por contrastes. O grosso da audiência gosta de se ver vitimado na tela - nada mais terapêutico do que ver no jornal das 20h e na novela do horário nobre que a culpa são dos outros.
A foz do rio apenas desagua no mar a água que recebe na nascente. A classe política é a foz. O cálculo aqui é eleitoral e a moeda é o voto. As idéias mais fáceis de aceitar são àquelas que encontram abrigo nas crenças que carregamos (nos ensina a economia comportamental). O povo ressoa o que recebe - na boca do caixa da CEF de uma "bolsa assistência" qualquer do Estado e dos seus conselheiros e ídolos favoritos (da revista, do jornal, da escola ou da televisão). Pronto está fechado o ciclo da desgraça.
Marx disse certa vez que "Se a essência e a aparência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária". Estamos construindo todo um edifício institucional no Brasil usando como cimento idéias baseadas nas aparências.
Hume nos chamava atenção quando dizia: "À primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade"
A realidade merece toda nossa devoção e paciência, desde seu nascedouro, para começaremos a virar este jogo.