A ascensão do Estado começou a se fortalecer com a chegada da democracia.
Antes da 1ª guerra mundial nem um único país poderia ser identificado como democrático.
Até o século XX, a maior parte dos países da Europa Ocidental eram autocracias liberais. O voto era um privilégio que cabia a aproximadamente 2% da população na Grã-Bretanha - então um dos países europeus tido como dos mais democráticos do velho mundo. Nos Estados Unidos somente em 1920 as mulheres ganharam em todo o país o direito de votar, já os negros não antes do chamado Voting Rights Act de 1965.
Mas na prática o que representou a chegada das massas às cabines de votação ?
O engrandecimento do estado. Assim como o capitalismo trouxe a massificação do consumo, a democracia levou as massas ao poder.
Com um número nunca antes visto de indivíduos buscando espaço e influência no governo, os cargos e funcionários públicos passaram de algumas dezenas não remuneradas nos tempos da monarquia para milhares (até milhões como no Brasil) de servidores com remuneração e estabilidade trabalhistas privilegiadas.
A necessidade de serem convalidados quadrienalmente no poder através do voto sedimentou a política da demagogia, do fisiologismo e do populismo, provocando um aumento sistemático dos gastos e transformando a economia em aposto da política. Não se faz o que traz mais produtividade ou eficiência, mas o que traz mais voto.
O inchaço do governo é um fenômeno mundial. Cresce a reprentatividade, cresce o conflito por políticas afeitas a determinados interesses e o ciclo persiste. O Estado nunca foi tão poderoso, tão onipresente, tão controlador e incontestável. Mas a história nos ensina outros exemplos.
Em 31 de outubro 1517 um monge alemão da cidade de Wittenberg pregou na porta do castelo um panfleto contendo 95 teses que contestava os desmandos e o poder absoluto e pernicioso que a Igreja católica alcançara na época. Seu nome era Martinho Lutero e o movimento ficou conhecido como Reforma.
Certamente o religioso não fazia idéia da revolução que estava iniciando. Apenas 150 anos e milhares de "banhos de sangue" depois, cerca de metade do mundo era protestante. Nações foram formadas a partir deste evento.
Era o ponto de virada do controle sufocante e abusivo da Igreja católica apostólica romana que na época detinha mais poder do que qualquer monarca Europeu e, através de fortunas amealhadas, - entre outra fontes com o comércio de indulgências - financiava a construção de Igrejas, que mesmo pelos padrões barrocos da época, eram por demais reluzentes e grandiosas.
Os católicos saíram de uma seita descriminada na época do império romano para se tornar a maior instituição supranacional da história, dominando mentes, monopolizando o conhecimento e bebendo de fontes diversas de riqueza.
Hoje o Estado democrático alcança talvez o mesmo patamar de poder que a Igreja Católica daqueles tempos. Assim como era temeroso sequer iniciar um diálogo para propor alternativas aos ditames papais, hoje assistimos ao mesmo modelo mental na população sob a égide do chamado governo no povo.
O mundo de hoje testemunha atônito e desorientado ao empoderamento sensacional desta forma de governar. As falhas vão surgindo e atores importantes (à direita e à esquerda, de Friedman a Marx) são acossados a contestar o status quo, mas...
ainda aguardamos pelo Lutero deste século, ainda esperamos pelo ponto de virada.
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