Nenhum governo é mais forte do que o povo que lhe sustenta. Somos no Brasil 200 milhões de pessoas das quais, cerca de 170 ou 180 milhões vivem sob o governo de 20 ou 30 milhões. Este padrão se repete mundo afora, 10% detêm o monopólio da força, mas este arranjo não concede de forma absoluta a perpetuidade de qualquer sistema de governo pois a maioria pode, unida, facilmente depor o grupo que ocupa o poder.
O cimento que mantêm toda a engrenagem chama-se confiança. Na medida que os governados acreditam que o seus representantes farão uso da força que lhes foi delegada para a consecução de uma paz produtora de bem estar e prosperidade, mesmo passando por solavancos e até mesmo pro graves sobressaltos, se a crença na intenção que impera é positiva, o curso das coisas prossegue e todo o sistema se mantêm.
O último pleito presidencial rompeu de forma perigosa com este concerto. Ficou claro, mesmo para os menos atentos ou para os menos letrados, que a detentora do cargo mentiu de forma explícita e descarada para permanecer com o poder. A campanha desconstruiu não só a imagem dos adversários mas também a verdade que anima a boa vontade dos que trabalham para a construção do desenvolvimento do país.
Alguns dias após a vitória, ela deixou claro que tudo que dissera no meio da contenda foi tão somente exercício de marketing ilusionista - a dissonância cognitiva e os interesses espúrios tratou do resto - pois desembestou uma série de medidas que não só negou que fosse fazer mas que criticou severamente a oposição que, se ganhasse, o fizesse.
Pois bem, agora vivemos numa encruzilhada institucional cuja hipótese que esta sendo testada é a de que para seguir no poder vale realmente tudo, inclusive a mentira ou, de que o povo, desprovido daquele cimento imprescindível ejetará do poder àquela que lançou mão deste artifício para ganhar as eleições. O caminho que iremos percorrer certamente marcará de forma profunda e trará conseqüências duradouras para as relações de todas as ordens no seio de nossa sociedade.
Por quê não posso sonegar impostos ou pagar um suborno ao policial para me aliviar se a representante maior da nação procedeu com este mesmo modus operandi quando precisou e ao final não só ficou impune mas foi recompensada ?
É este julgamento, moral acima de tudo, que está em curso.
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