O escritor, filósofo e ex-investidor Nassin Taleb cunhou a expressão Cisne Negro para descrever eventos imprevisíveis e com alto poder para provocar mudanças. O nome usado deriva da crença que existia até o ano de 1697 de que todos os animais desta espécie possuía a coloração branca, até que um navegador holandês avistou cisnes negros quando passava pela Austrália e por abaixo a certeza que se tinha até então.
O 11 de setembro com o ataque as torres gêmeas, a Primavera Árabe e, mais recentemente, a crise econômica financeira mundial, são alguns exemplos que se enquadram na categoria de Cisnes Negros.
Até iniciarmos o mês de junho o cenário para as eleições à presidência no ano que vem dava como certa a reeleição de Dilma. Os analistas políticos diziam que para haver uma mudança neste quadro seria necessário a ocorrência de um fato externo novo e muito relevante, um autêntico Cisne Negro. Só neste caso a oposição poderia se fortalecer e ganhar terreno.
Pois bem, junho chegou e com ele além da Copa da Confederações vieram a onde de protestos mais estrondosos e geograficamente representativos da história recente do país. Se a oposição ao PT nunca foi lá estas coisas - sempre frouxa, condescendente, permissiva, tímida e incompetente - o movimento nas ruas resolveu cobrir este espaço. Eles são a oposição que a oposição precisava.
No excelente programa Painel da Globonews desta noite o jornalista espanhol Juan Arias, um dos debatedores presente, chegou a mencionar que, tivesse o país um oposição verdadeira, estas manifestações não teriam ganhado às ruas e que uma democracia sem oposição é uma democracia condenada a morte.
Ainda que não se identifique claramente nas mobilizações um ataque ao Governo petista, e sim a todos os partidos como um todo, não dá para deixar de reconhecer que o PT, por ser o partido que ora ocupa o poder central, acaba sendo o maior receptor do prejuízo político fruto da indignação manifestada nos protestos que vêm da rua.
A classe política está atônita, disse Murilo Aragão, cientista político também presente ao programa da Globonews. "Eles - os políticos - não vêem a hora da onda passar e apostam que por abraçar uma pauta difusa de reivindicações, as manifestações naturalmente perderão poder de mobilização e começarão a se dissipar". Disse o consultor.
É provável que realmente nos próximos dias os ânimos se arrefeçam e os protestos se esvaziem, entretanto o recado já foi dado, a marca já esta impressa na pele da classe política e quando eles começarem a subir nos palanques para pedirem votos nas próximas eleições tem que tomar muito cuidado com o que vão prometer, pois a tolerância com o mundo encantado do faz de contas parece ter acabado.
A distância entre a realidade em que vivia os políticos e a realidade dos demais brasileiros definitivamente se encurtou. Eles devem ter finalmente entendido que o país em que ele vivem é o mesmo que o nosso.
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