A democracia tem muitos defeitos. Defeitos gravíssimos.
Aristoteles não a considerava a melhor forma de governo.
Na Grécia antiga por volta de 500a.c., na cidade estado Atenas nascia esta nova forma de governar, entretanto mal chegava a 10% de sufrágio, apenas os cidadãos donos de terra com idade superior a 20 anos, do sexo masculino, nacionalidade grega e livres que podiam votar nas assembléias. Os votos eram gravados em pedra e depositados numa espécie de urna arcaica.
Interessante notar que já nesta época uma variante do modelo ateniense surgiu em Esparta onde os votos eram dados à gritos com a intenção de evitar viéses, burocracia e suscetibilidade a trapaças.
Os problemas deste sistema são vários mais discorrerei aqui de forma sucinta dos mais graves:
1) O grau absurdo de desinformação do eleitorado. Aqui além de não ter acesso, ou não se interessar em ter, às informações necessárias para efetuar uma boa escolha. As informações que existem são mal-interpretadas ou incompreendidas, principalmente as que envolvem matérias econômicas;
2) A escolha baseada na forma e não na substância. O eleitor médio tende muitas vezes a escolher seu representante baseado na aparência, simpatia, pesquisa de opinião ou em outros aspectos que não o programa de governo e o currículo do candidato em questão;
3) O baixíssimo valor percebido pelo eleitor de seu voto. A pergunta que ele faz a si mesmo é algo do tipo: O quê o meu voto, que é apenas um em milhões, poderá influenciar no resultado final de uma eleição ? Partindo desta crença o interesse em se informar e depois acompanhar e cobrar por resultados dos eleito é muito baixo senão nulo.
4) Erro de atribuição. O eleitor médio não distingue causas externas, que nada tem haver com ações do governo, com aquelas que realmente são resultado de políticas praticadas por ele. p.ex: Se as commodities mundo afora passam a ser valorizadas como conseqüência do alto crescimento chinês e o Brasil apenas surfa na onda, o povo acha que a bonança é fruto da boa administração do governante da vez.
5) Miopia temporal. Já existem pesquisas exaustivas comprovando que a maioria de nós supervaloriza o presente e subvaloriza o futuro. Por isto propostas que expandem o gasto público para propiciar aumento da demanda às custas de renda futura são sempre bem populares e geram votos, ou seja junta-se a fome do político em se reeleger com a vontade de consumir agora e sempre do eleitor e pronto. Que se dane as gerações futuras.
6) Viés do mensageiro. Por quais canais que o eleitor se informa para tomar decisão de voto ? Geralmente via opinião pública (veiculada pelas diversas mídias) que são, via de regra, e as vezes até não intencionalmente, influenciada por interesses parciais. O quê afeta a informação, polui o fato e provoca divergência entre o ocorrido e o informado.
Ainda não foi inventado nada melhor que a Democracia. Divisão de poderes, submissão a uma constituição, controles institucionais e alternância de poder são algumas das melhorias encontradas pelo caminho, mas o fato é que num país como o nosso - onde todos os defeitos enumerados anteriormente são amplificados pelo fato do voto ser obrigatório, pelo alto índice de analfabetos funcionais e pelos incentivos tortos que nossas instituições proporcionam à classe política - estamos bem longe de um modelo eficiente de governo que se pretende ser do povo, pelo povo e para o povo.
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