A última crise econômica aguçou os críticos do livre mercado. Livros, artigos e declarações demonizando e ressaltando as agruras que ele traz consigo foram publicados aos borbotões.
O fato é que se associa a idéia de mercado à ganância e a desigualdade. Nada poderia ser mais errôneo. Desde a Mesopotâmia de períodos anteriores a Cristo o homem vêm adquirindo e usufruindo de mais saúde, bens materiais, conforto, segurança e alimento graças ao tão mal afamado mercado.
O homem autosuficiente é pobre, na medida em que ele vai dividindo tarefas com outros, ele vai aumentando o acesso a bens que sozinho não seria possível. A divisão do trabalho e a comercialização do produto deste engenho, inicialmente através de permuta e depois usando moeda como meio de troca é a mágica que fez do mercado um provedor de desenvolvimento.
Para o mercado não existe diferença de raça, religião, sexo ou origem. O mesmo saco de feijão comprado por Bill Gates é adquirido pelo motorista de taxi, o dinheiro não vem com o brasão de distinção de família como na antiguidade.
O mercado é o sistema mais testado e comprovadamente eficiente de geração de riqueza. A história esta repleta de exemplos. A alocação de recursos encontra sua melhor configuração no impiedoso "campo de guerra" do mercado. Aquele que não consegue produzir a preços competitivos e com a qualidade desejada está fora. Este rolo compressor é que garante a melhora constante da produtividade e permite que o alcance de produtos cada vez melhores chegue às classes menos abastadas. É a verdadeira democratização do consumo.
No entanto, ninguém gosta de ter que brigar dia a dia, gastar dinheiro com pesquisa, investir tempo, dedicação e stress o tempo todo para se manter competitivo. Qualquer brecha que tiver vai querer impor barreiras a entrada de novos competidores. É um lobby aqui, uma pressão no governo acolá, mais uma propina a um órgão regulador mais adiante. Tudo para garantir uma posição com mais férias e menos esforço.
Por isso, como já observava Adam Smith, (quando esculhambava o poder monopolista exercido pela Companhia das Indias Orientais na Inglaterra do século XVIII) para o bom funcionamento do mercado é necessário que nenhum agente tenha o poder de manipulá-lo conforme lhe convem, pois os agentes que atuam no mercado - empresa, consumidores, governos - todos possuem seu próprio interesse que, não se engane, vêm antes dos seus.
A crise de 2008 nada tem a ver com os males do mercado mas sim pelo fato de que alguns agentes ganharam uma espécie de "passe livre" para ficar fora do alcance do seu "rolo compressor". Bancos, grandes corporações subsidiadas e Governos trataram de bagunçar o tabuleiro do jogo - a regra deixou de ser: se eu arriscar eu ganho ou perco para, se eu arriscar ou eu ganho ou vocês perdem. No caso aqui vocês somos nós - os pagadores de impostos.
Precisávamos de mais Lehman Brothers e menos AIGs, a curva da crise seria bem mais profunda mais ao final certamente emergiríamos com um sistema mais forte e com menores riscos de repetição dos mesmos erros.
SUGESTÃO DE LEITURA: O livro "A CAPITALISM FOR THE PEOPLE" do economista italiano Luigi Zingales.
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