domingo, 23 de fevereiro de 2014

ANALFABETISMO ECONÔMICO

Nações ao redor do mundo, principalmente àquelas com baixos índices educacionais, têm sido vítimas sistemáticas de populismo, de péssimas políticas públicas e de intervencionismo estatal intenso.

A Economia, embora um número cada vez maior de "especialistas" leigos teimem em dizer o contrário, é complexa e está repleta de questões contra intuitivas: - Como pode um sistema de trocas ser mais eficiente, deixada por si mesmo sem qualquer tipo de intervenção, do que um planejado por um grupo de especialista munidos de computadores de última geração ?

Difícil vislumbrar qual matéria possui maior potencial de dano a um país se mal entendida e mal aplicada do que a Economia. Argentina, Venezuela, Cuba, Coréia do Norte e o império soviético são exemplos maiúsculos do que a venda da economia das boas intenções pode causar a uma nação.

Em discurso dirigido para todo o país em cadeia nacional de rádio e televisão a presidente Dilma veio a público no ano passado para divulgar o arranjo feito com as empresas de energia para possibiitar a diminuição na conta de Luz aos consumidores finais de aproximadamente 20%.

Ora, pensa o eleitor incauto (geralmente um analfabeto econômico), que presidente maravilhosa !! Preocupada com seus cidadãos e com suas empresas !!!

Só que em economia não existe almoço grátis, se a redução de um serviço não se dá por ganhos de produtividade (inalterada a oferta e a demanda), o que ocorre na prática é a transferência da conta, antes paga por um, para outro pagar. No caso da energia por exemplo, o Brasil além de perder credibilidade junto aos investidores pela forma que foi imposto às concessionárias o reajuste das contas, ainda vem acumulando uma conta altíssima, que hoje gira na casa de R$13 bilhões por ano, para ser equacionada (provavelmente através de aumento de impostos, ou de aumento maior no futuro da conta de energia ou de dívida pública). Uma outra consequência perniciosa do populismo com a conta de luz é de incentivar o consumo e o aumento do risco de apagões.

O Brasil, afirmam os petistas para sua base eleitoral, esta se desenvolvendo como nunca antes, estamos com baixas recordes de desemprego. Um outro equívoco comum é a confusão entre aumento do emprego e desenvolvimento. Se isso fosse verdade a nossa agricultura seria uma das mais subdesenvolvidas do mundo, pois desde a segunda metade do século XX o êxodo rural foi uma marca forte não só no Brasil mais na maioria das economias ocidentais. A explosão  da produtividade no campo tornou possível que apenas 5% da população plante e alimente os outros 95% que moram nas cidades. O avanço  da tecnologia geralmente traz consigo um número grande de trabalhos extintos.

Os políticos são os maiores responsáveis em desinformar. Se o país cresce, não importa por que causa, o governante de plantão espertalhão irá trazer a autoria pra si. Inventará explicações fáceis e utilizará de lógicas rasteiras para ludibriar o povão. Já quando os números são negativos, a culpa é do tsunami monetário, da judicialização da política, da falta de chuva ou da famosa conspiração das elites.

Os incentivos da seara política conspiram contra medidas de desenvolvimento realmente eficazes. Aumentar o bolsa família ou investir em educação? Subsidiar empréstimos a grandes grupos ou diminuir gastos ? Aumentar o salário mínimo ou cortar as aposentadorias e pensões do funcionalismo público ? A diferença é que nos primeiros casos de cada exemplo os votos serão mais generosos.


Imigração e comércio exterior são outros temas de constante ignorância econômica. Ao contrário do que possa parecer: abrir as fronteiras ao capital e produtos estrangeiros traz mais benefícios do que malefícios ao país. Mantém a inflação baixa, aumenta a competividade do nosso parque industrial e integra o país as cadeias internacionais de valor.

Num país onde o voto é obrigatório e os níveis educacionais estão entre os piores do mundo, o terreno é fértil para as politicas populistas que insistem na tecla do planejamento, das boas intenções e do Estado como indutor econômico. Cabe a mídia, a academia e aos especialistas econômicos autênticos informar, educar e divulgar a ciência econômica. Esta guerra não será ganha da noite pro dia, nas vésperas de uma eleição ou num único livro. Ela será ganha no dia a dia das conversas de cafézinho do trabalho, nos encontros  de fim de semana, nos bate-papos das redes sociais e nas salas de aula. Dia a dia, homem a homem.

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