terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A CARTA

Sr.a Presidente, Prezados congressistas e ministros.

Eu, em plena capacidade das minhas faculdades mentais, por minha livre e espontânea vontade e de acordo com os preceitos constitucionais expostos no art 5º daquela carta, gostaria de requerer o seguinte:

1) Que o Estado não mais se preocupasse com a minha previdência social, liberando os fundos que ora são retirados da minha folha salarial (INSS), para o meu usufruto na forma e naquilo que eu achar por bem dispô-lo. Declaro desde já que na hipótese de eu não ter meios de me manter quando eu atingir a idade mais avançada, o Estado está liberado de quaisquer responsabilidade ou assistência para com a minha pessoa. Provavelmente se tal evento vier a ocorrer sairei na rua para pedir esmolas, ou procurarei alguém que eventualmente queira me empregar ou viverei às custas de meus familiares.

2) Que o Estado não se preocupasse de fazer poupança em meu nome para ser usada caso eu fique desempregado ou para me possibilitar a compra da casa própria, liberando, desta forma, o valor referente ao FGTS que mensalmente é retirado dos meus rendimentos, a fim de que o mesmo possa ser usado por mim na forma e naquilo que EU entenda ser melhor.

3) Que o Estado me liberasse para trabalhar em um segundo serviço próximo da minha casa pelo salário mensal inferior aos R$ 724,00 estipulados pelo piso mínimo legal. Tenho plena consciência das minhas necessidades e dos outros proventos que recebo, tendo portanto condições e desejo de trabalhar pelo valor que eu e meu empregador acharmos por bem, de livre e espontânea vontade através de uma negociação de particulares.

4) Para finalizar gostaria ainda que o Estado me permitisse adquirir um automóvel de uma marca americana, que também é produzido aqui, mas que no caso específico possui outras atributos, além do preço, que me fazem preferir o similar fabricado nos EUA. As despesas e o frete da importação serão  totalmente às minhas expensas.

Certo de vossa compreensão e desde já grato por todo cuidado e preocupação que sempre tiveram por mim, aliás mais até do que os meus próprios pais e amigos, e ainda sem eu nunca ter-lhes solicitado, o que me deixa de certa forma lisonjeado, mas que certamente deve causar-lhes custos e desvios de afazeres mais urgentes e prioritários. Poderia inclusive sugerir-lhes que a dedicação demostrada para com a minha assistência fosse redirecionada para debelar a escalada da violência em minha cidade e com os engarrafamentos monumentais que estão assolando nossas vidas por aqui.

Muito obrigado.

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