Alertas sobre o apocalipse gerado pelo excesso de consumo se espalham por todo o mundo, economistas, antropólogos, políticos, sociólogos, biólogos, geógrafos, meteorologistas, astrólogos, e toda sorte de especialistas que fazem seus prognósticos pessimistas sobre o futuro basicamente adotando sempre uma premissa: Caso brasileiros, chineses, indianos e todos os outros países ditos em desenvolvimento consumir no mesmo padrão do americano médio vamos precisar de 5,6,7 ou até mesmo oito planetas.
Vamos combinar uma coisa: Isto é um tremenda idiotice e não passa de um alarmismo de quinta categoria que não resiste a 10 minutos de reflexão séria. A idéia toda começa com a velha condenação do materialismo, a tal crítica de que o ser humano cada vez mais se acha feliz pelo que têm e não pelo que é. Pura babaquice ideológica! A bíblia já pregava a chegada do apocalipse como uma espécie de punição ao luxo, ao excesso de desejos puramente materiais.
Pois bem, a ambição, a vontade de se diferenciar dos demais pelos ornamentos, de ter atributos materiais exclusivos é um traço evolutivo, há mais de 200 mil anos atrás aquele que tinha a caverna mais aconchegante, por assim dizer, e que conseguia as melhores caças levava a fêmea mais desejada para procriar e ser feliz. Os espécimes que tinham esta característica se mostraram mais aptos à sobrevivência e foram os que prevaleceram. Hoje somos filhos deste pessoal e temos impresso em nosso DNA este atributo.
Este traço é que levou a humanidade a inventar, produzir, prosperar. O fogo, a lança, o arco e flecha, a roda, a agricultura, a pólvora, o papel, a arma de fogo, as caravelas, a máquina a vapor, a eletricidade, o trem, o telégrafo, o automóvel, o telefone, a linha de produção, o avião, o microondas, a pizza, o futebol, o computador, a internet, o i-phone e todos as outras milhões de invenções, descobertas, inovações foram conseqüência desta busca incessante pela distinção, pela riqueza, pelo poder de ter cada vez mais meios de comprar tempo livre para se dedicar ao prazer.
Prosperidade é tempo livre. Hoje o homem moderno não precisa fazer suas próprias roupas, buscar e filtrar sua própria água, caçar e matar para ter comida, cortar lenha para se aquecer, andar armado para não ser morto, escrever cartas para enviar notícias a familiares distantes, ordenhar vacas para ter leite. Todo o tempo que nossos ancestrais gastavam para desempenhar tais tarefas não lhes proporcionavam muito tempo livre para ver um filme, ler um livro, namorar ou ficar mesmo sem fazer nada, apenas pensando na vida.
O terrorismo que se faz apregoando a escassez do planeta para atender ao desejo infinito do ser humano não leva em consideração a inventividade e adaptabilidade deste mesmo ser humano. O economista nascido no século XVIII, Thomas Malthus, alertava para a impossibilidade de se produzir comida no mesmo ritmo de crescimento que a taxa de natalidade. Para ele a comida crescia numa progressão aritmética enquanto que a população em progressão geométrica. Embora toda a perspicácia do argumento Malthiusiano, o desenvolvimento e inovação na indústria de alimentos foram tão grandes que hoje não só já ultrapassamos os 7 bilhões de habitantes deste lindo planeta como ainda nos damos o "prazer" de desperdiçar aproximadamente 47% dos alimentos produzidos. (conforme estudo recente da BBC).
No Brasil temos mais de 40 milhões de recém chegados a classe média ávidos por poder desfrutar de seu primeiro carro, sua primeira viagem ao exterior, seu primeiro micro-ondas, sua primeira televisão de LED, seu primeiro tablet, e isto, senhoras e senhores, é o quê precisamos cada vez mais e não menos. É o consumo que dispara o investimento, que traz emprego, que traz renda e que traz mais consumo, num ciclo virtuoso de riqueza. E a riqueza traz sim felicidade, porque ela proporciona educação de qualidade, saúde, roupas, carro, acesso ao lazer, a cultura, faz bem para auto-estima e acima de tudo, permite ao indivíduo a querer cada vez mais e sonhar cada vez mais alto. Isto é o combustível do progresso. É o filme que já tiveram protagonistas como os EUA, a Inglaterra, o Japão, a Alemanhã, a Suiça, e por aí vai.
Não existe tal coisa de consumismo tresloucado que levará ao fim do mundo. A falha está na premissa de que a produção não se adequaria a maior demanda levando a uma espécie de superutilização dos recursos naturais, o que provocaria a extinção de animais, árvores, ar puro, rios e etc,... Ora quando o oléo de baleia começava a dar sinais de escassez no século retrasado, seu preço aumentou informando aos interessados que alguma coisa precisava ser feita, surgiu então o petróleo como substituto e o querosene passou a ser utilizado na iluminação em substituição ao óleo do mamífero marinho.
O mecanismo de mercado - preço determinado pelo equilibrio entre oferta e demanda - tratará de fornecer os incentivos necessários para provocar os ajustes que fará o Chinês tão rico quanto o americano a consumir um veículo elétrico ou utilizar um trem bala aconchegante ao invés de um SUV à diesel por exemplo. Ou um brasileiro a querer assistir a um jogo de futebol ao vivo comendo sanduíche de carne ao invés de assistir pela televisão 3D de LED-lítium comendo pipoca de micro-ondas e bebendo coca em lata. Sei lá quais serão as inovações que um novo Steve Jobs acabará fazendo para adequar os padrões de consumo às futuras restrições, só sei que o desejo do ser humano, assim como sua imaginação e capacidade de realização andam juntas e são infinitas. Graças a Deus.
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