Roberto Campos costumava chamar a Petrobrás de petrossauro, tal era o estado de ineficiência e atraso que se encontrava a empresa sob a gestão do poder público nas décadas de 70 e 80.
Hoje chamá-la de dinossauro seria elogioso. Para descrevê-la com mais precisão talvez devêssemos imaginar um mostro de 7 cabeças (mas todas elas sem cérebro), 6 patas, 2 rabos, cego e surdo. É a petromonstro.
Em 3 anos a empresa perdeu 46,5% de valor de mercado, as ações despencam mês após mês, com investidores estrangeiros se desfazendo das ações da petroleira. No segundo trimestre deste ano ela apresentou o primeiro prejuízo desde 1999 no valor de R$1,3 bilhões de reais. Este ano ela perdeu o posto para a AMBEV de maior empresa do país, em valor de mercado. Na américa latina ela saiu de primeira para terceira, ficando também abaixo da colombiana ecopetrol.
Desde 2010 a petromonstro esta com a produção estagnada, as plataformas da bacia de campos perderam mais de 22% de eficiência produtiva. Para se ter uma pequena noção do descalabro que uma gestão petista pode fazer, vamos pegar o exemplo da construção da refinaria de Abreu Lima em Pernambuco. A obra era para ser concluída em 2010, passou para 2014 e os custos inicialmente previstos em U$2,3 bilhões foram aumentados para U$ 20,1 bilhões (uma explosão de gasto 10 vezes maior). No Rio de Janeiro, máquinas importadas pela estatal para construção da refinaria do comperj estão paradas desde 2011 no porto porque até o momento não se sabe como transportá-la até o destino. Esta obra por sinal já esta U$ 10 bilhões acima do orçamento original.
Nesta segunda será apresentado os resultados aos acionistas referentes a 2012. Analistas esperam que o lucro tenha encolhido aproximadamente 40%, a dívida deverá estar por volta de 3 vezes superior a capacidade de geração de caixa e em quase 33% do patrimônio líquido, lembrando que se este indicador superar 35% a estatal perderá seu grau de investimento (investment grade). A agência de classificação de risco MOODY'S já inclusive colocou-a sob perspectiva negativa. Caso isso venha a ocorrer, a petromonstro passará a pagar um custo maior para se financiar no mercado.
Em qualquer lugar do planeta uma empresa para dar lucro deve vender a um preço maior do que ela compra. Pois é, a Petromonstro parece não pertencer a este mundo. Com a produção em queda e o consumo em alta (com o governo baixando o IPI de automóveis, abrindo a porteira do crédito ao consumidor e segurando o preço da gasolina, não poderia ocorrer outra coisa) a estatal tem que importar cada vez mais combustível, só que ela compra por um preço e vende por outro mais baixo, resultado: Só este ano calculá-se o déficit neste tipo de operação em aproximadamente U$ 20 bilhões. (populismo puro) Agora perceba a lógica bizarra desta prática: A Petrobrás que deveria dar pulos de alegria quando o preço do petróleo aumentasse - afinal de contas o maior ativo dela se torna mais valioso - fica na verdade mais triste pois quando isso acontece o prejuízo dela piora. Outro detalhe, as constantes medidas do governo para valorizar o dólar (desvalorizar o cambio) também encarece as importações para a estatal (é o Mantega dando um tiro no próprio pé).
Esta semana foi autorizado pelo governo que a Petrobras aumente o preço da gasolina em 6,6% e o óleo diesel em 5,4% quando analistas calculam que deveria ser, caso ela seguisse a lógica livre de mercado, de pelo menos 15%. O governo determinará que a partir de maio o alcool adicionado a gasolina seja aumentado de 20% para 25%. O governo também quer que o gás importado pelo estatal seja direcionado para as termeletricas que estão suprindo a deficiência energética por conta da falta de chuvas que comprometeram a geração das hidrelétricas. Notou o quando de "governo" mencionei só nesse parágrafo ? A petromonstro não dá uma piscada sem a benção dele. Ora porque será que a AMBEV, de capital privado, passou nossa querida estatal ? (PRIVATIZE JÁ !!!)
Esta semana esta sendo veiculado na imprensa que a Petrobrás tem atrasado o pagamento de diversos fornecedores. As licitações da estatal estão paradas desde 2008. Os mais de U$120 bilhões levantados junto ao mercado em 2010 já foram gastos seguindo plano ditado pelo Governo. Ela só pode comprar equipamentos nacionais ou que não contenham mais de 40% de conteúdo estrangeiro. A presidente da empresa Graça Foster afirmou que as metas de investimento e rentabilidade desenhadas sob a presidência de seu antecessor, Sergio Gabrieli, não se basearam na realidade.
Diante de todo este cenário de horror, o que os funcionários da estatal fazem ? hora-extra ? esforço de contenção de gastos ? Campanha de sugestões e idéias de inovação para reanimar o resultado da empresa ? Não. Agendam greve. Com a finalidade de mudar os parâmetros do pagamento do bônus (PPL). Por que será ? Por que a empresa não aproveita e faz um PDV para enxugar custos de mão-de-obra ? Simples, porquê é uma empresa pública e seus funcionários não podem ser mandados embora. Ora porque será mesmo que a AMBEV, de capital privado, passou nossa querida estatal ?
A petrobras se tornou uma empresa que não segue a lógica universal do mercado, da economia. Ela é mais um instrumento de palanque e de marketing para o PT do que uma empresa que investe em inovação e tecnologia. Ela é lugar para políticagem e políticos, para nepotismo e para o populismo... Enquanto isso nossos diletos representantes no congresso nacional se degladiam para estabelecer com quem vai ficar os roylaties do Pré-Sal.