domingo, 30 de agosto de 2015

A CULPA TERMINA COM OS POLÍTICOS, MAS ONDE ELAS NASCEM ?

As teses abrangem um grande rol de explicações:
- Fomos uma colônia de exploração, enquanto a America do Norte foi colônia de povoação
- Somos um país de clima quente e tropical que não favorece o trabalho duro
- Somos um país de abundante riquezas minerais e terras férteis, propiciando atividades agro-minerais que requerem pouca qualificação da mão de obra, mas muita concentração de poder
- Somos uma país sem histórico de guerras, até nossa independência foi comprada
- Fomos o último país do continente a abolir a escravidão
- Foi a ditadura...
- Foi a monocultura do café...

Temos muitas e possíveis justificativas para nos encontrarmos onde nos encontramos. E onde nos encontramos ?

Num país confuso, analfabeto científico, subdesenvolvido, corporativista, socialista disfarçado, orgulhoso do futuro, culturalmente ressentido e preso numa armadilha estatista de penúltimo grau.

As idéias já vêm erradas desde o nascedouro.

A academia, dependente de verbas e/ou de licenças oficiais, com um quadro docente egresso de universidades públicas e/ou com pesquisas financiadas pelo erário, são igrejas pregando contra o capitalismo e o livre mercado. Desenvolvimentista, keynesianos, socialistas, marxista, social-democratas, comunistas, bolivarianos, todos, hipócritas, incapazes de sequer tomar conhecimento do que estão criticando e testar hipóteses contrárias.

O poeta e filósofo francês Paul Valéry disse: "a melhor forma de realizar os sonhos é acordando". O problema é que aqui, como diz nosso hino estamos "deitado eternamente em berço esplêndido" e o vislumbre da realidade nos parece muito realista para ser encarado.

A classe artística, que tanto se orgulha de ter brigado para por fim a ditadura militar, anseia por nos meter na ditadura do proletariado (até agora só chegamos na do PTetlariado). Num misto de romantismo dramático com conhecimento raso dos fundamentos econômicos, desfilam seus rostos bonitos e mentes vazias nos eventos e palanques esquerdóides dos políticos mecenas, que os seduzem com fala manda, retórica rebuscada e patrocínios polpudos.
Gostam, por força da profissão, de um espelho e este tem que lhe mostrar a imagem de um "justiceiro social" para dar paz à consciência que deita, come e se veste nos hotéis 5 estrelas e mansões luxuriantes que só o capitalismo proporciona. O talento nas artes parece estar inversamente correlacionado com a perspicácia do cálculo macroeconômico.

Jornalistas (e internautas, tuiteiros e blogueiros) formam a infantaria desta guerra contra a destruição criativa da economia globalizada. O poeta e naturalista americano Henry David Thoreau disse que "não é que você olha que importa, mas sim o que você enxerga". 

Os jornalistas vêem um Brasil nas ruas, favelado, violento, desigual e sujo, sem filtros e estabelecem conexões diretas e simplistas: "A culpa é do Brasil rico, encastelado, educado e limpo da zona sul". O jogo é de soma zero e o público percebe por contrastes. O grosso da audiência gosta de se ver vitimado na tela - nada mais terapêutico do que ver no jornal das 20h e na novela do horário nobre que a culpa são dos outros

A foz do rio apenas desagua no mar a água que recebe na nascente. A classe política é a foz. O cálculo aqui é eleitoral e a moeda é o voto. As idéias mais fáceis de aceitar são àquelas que encontram abrigo nas crenças que carregamos (nos ensina a economia comportamental). O povo ressoa o que recebe - na boca do caixa da CEF de uma "bolsa assistência" qualquer do Estado e dos seus conselheiros e ídolos favoritos (da revista, do jornal, da escola ou da televisão). Pronto está fechado o ciclo da desgraça.

Marx disse certa vez que "Se a essência e a aparência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária". Estamos construindo todo um edifício institucional no Brasil usando como cimento idéias baseadas nas aparências.

Hume nos chamava atenção quando dizia: "À primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade"

A realidade merece toda nossa devoção e paciência, desde seu nascedouro, para começaremos a virar este jogo.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

ECONOMIA PARANAENSE - UM BREVÍSSIMO OLHAR NOS NÚMEROS E NOS RECENTES ACONTECIMENTOS

Volto a este espaço depois de alguns meses de ausência para reportar alguns dados socio-econômicos referente ao estado paranaense que, em vista dos recentes conflitos e violência policial aplicada nas manifestações dos professores, ganhou espaço na mídia nacional e, pelo que pude ler, com muito ruído e manchetes enviesadas de cunho mais ideológico do que ignorante.

Primeiramente destaco que não sou PSDBista, aliás, como facilmente pode ser depreendido pelos meus posts aqui do blog, não existe no Brasil infelizmente um partido que represente as minhas convicções libertárias.

Dito isto, é preciso destacar que no Paraná o atual governador tucano, Beto Richa, à luz dos números não desempenha um governo ruim, nem tampouco guarda qualquer semelhança com a da atual detentora da presidência da república, como alguns setores da mídia facilmente querem tentar colar. Vamos a alguns dados:

Entre 2003 e 2010, no governo PMDBista de Roberto Requião, o estado teve um crescimento do PIB anual de 3,8% enquanto o país cresceu 4%.
Já entre 2011 e 2013, na gestão tucana, o estado cresceu 3,8% versus 2,1% do país.(0,1% do Brasil x 0,8% do PR em 2014).

O Paraná contabilizou portfólio de mais R$ 35 bilhões em investimento industriais privados entre 2011 e 2014 contra R$ 16 bilhões de 2003 a 2010.

A 3ª edição do ranking de gestão e competitividade dos estados brasileiros, referente ao ano de 2014, da revista The Economist, apurou que o Paraná superou o Rio Grande do Sul e Minas Gerais em clima de negócios e capacidade de atração de investimentos entre 2011 e 2013, passando a 3ª força do país atrás apenas de Rio e São Paulo.

O endividamento do Estado, de cerca de R$ 15 bilhões, compromete menos de 60% da receita corrente líquida, menor proporção entre unidades do sul e sudeste brasileiro (excetuando Espírito Santo), contra 86,5% em 2010 e 78,4% da média nacional. Por este indicador o estado estaria apto ao recebimento das garantias e autorizações federais para a finalização de empréstimos junto a organismos internacionais como o BID, aguardando anuência da União desde 2011.

O fato é que o PR é o 5º Estado brasileiro em arrecadação de tributos e apenas o 24º (antepenúltimo) em investimentos federais. Não é coincidência o fato do representante do Estado no senado, Roberto Requião e a ministra da Casa Civil de Dilma, Gleise Hoffman (sem falar em seu marido Paulo Bernardo, do ministério das comunicações) serem adversários políticos do governador Richa.

O Porto de Paranaguá antes um feudo entregue a família Requião passou por projetos de modernização que praticamente duplicaram sua capacidade de movimentação de carga contenerizada, acabaram com as filas de caminhões na descida do porto e aumentaram os investimentos e geração de empregos do setor.

Na geração de empregos, segundo dados do CAGED, houve 388 mil vagas formais entre 2011 e 2014, a 4ª maior do país.

Na área da educação, onde se concentra a maior parte da gritaria e paralizações neste começo do 2º mandato, ocorreram diversas mudanças, das quais podem ser destacadas:
  • Enquanto Roberto Requião, quando governador, gravou vídeo dizendo que iria entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o piso nacional de salário dos professores de (30% da receita estadual). Richa aumentou este repasse, que hoje é o maior entre os estados brasileiros (37,6%)
  • Requião repassou R$ 118 milhões para transporte escolar e R$ 90 milhões para merenda, Richa R$ 318 milhões e R$ 403 milhões, respectivamente
  • Concedeu 60% de aumento no salário dos professores
  • Abriu concurso para contratar mais de 23 mil professores e funcionários de educação, cerca de 37% do quadro atual da rede estadual, provocando uma renovação ampla de pessoal.
Houve certamente falta de planejamento em tamanha reformulação, pois a categoria teve o pagamento do terço adicional de férias atrasado por 2 meses em fins do ano passado.

Agora sobre o episódio lamentável da truculência policial:

Em fevereiro deste ano quando o legislativo iria votar projeto de lei de mudança na previdência dos funcionários do estado, que se arrasta deficitária desde o governo Lerner, professores e sindicatos invadiram a assembléia e ameaçaram parlamentares que, acuados no refeitório do prédio, tiveram que interromper os trabalhos e postergaram a votação (alguns tiveram que sair escondidos em camburão da polícia com receio de agressão).

O fato é que o Brasil é pródigo na concessão de privilégios a grupos com grande capacidade de mobilização e vocalização. Toda política de aperto fiscal e/ou reformas que toquem nestes bolsões de rentseeking seguirão o mesmo figurino que se deu no PR.

Beto Richa foi reeleito com 55,7% dos votos e recente pesquisa mostrou que cerca de 91% dos eleitores dele votariam novamente se a eleição fosse em fevereiro. O fato é que ele errou em não reconhecer e em permitir que a violência chegasse ao ponto que chegou contra os professores e baderneiros infiltrados no último dia 30. Mas tenho sérias dúvidas se, caso a polícia "deixasse correr", os manifestantes não invadiriam e, pelo menos (senão pior), não repetiriam o que fizeram em fevereiro. 

Faltou preparo à força policial e falta de equilíbrio e obediência à lei dos manifestantes (a justiça já havia declarado a greve ilegal e concedido mandado de impedimento de ocupação do prédio do legislativo).


sábado, 21 de março de 2015

A FALÁCIA DA REPRESENTATIVIDADE

A democracia é o poder do povo que o exerce através do voto ao eleger seus representantes.

É o que dizem os livros de moral e cívica e os pais aos seus filhos desde a mais tenra infância.

Nada mais enganoso. Trata-se de um engodo que não resiste a meia hora sequer de reflexão mais séria.

E se eu não votar ?

E se o meu candidato não vencer as eleições ?

E se os candidatos mesclarem políticas das quais eu concorde com outras que eu discorde ?

E se mesmo vencendo ele não por em prática as políticas que disse que iria executar no período eleitoral ?

A teoria diz que "basta você estar no regime democrático" que estas questões não mudam o fato. Você está sendo sim, representado.

O voto é um instrumento fragilíssimo. É como se você fosse para uma negociação de negócios, ou para um julgamento no tribunal no qual, para expor seus argumentos e colocar suas pretensões, você só pudesse dizer sim ou não.

Para abrir uma conta bancária, efetuar o desembaraço aduaneiro de um produto importado ou entrar com uma ação na justiça por exemplo, faz-se necessário uma procuração específica e detalhada, que o principal tem que fornecer ao agente (no caso, o corretor, o despachante e o advogado) a fim de conceder-lhe poderes para o desempenho da tarefa. A relação é voluntária e - muito importante - pressupõe responsabilidades caso o representante não cumpra com o que foi exatamente lhe incubido, ensejando inclusive penalidades e indenizações de descontrato.

Agora, pegue esta descrição sucinta acima de um típico desenho de representatividade e aplique no modelo de governo democrático.  A falácia fica flagrante. Nada mais do que um jogo de palavras para fazer o sujeito acreditar na legitimidade do regime.

Os pretensos agentes do povo são na verdade, os agentes de ninguém.

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