terça-feira, 25 de junho de 2013

SAÚDE E MERCADO. NÃO, ISTO NÃO É UMA HERESIA.

plano-saude
Fugir das escolhas do mercado certamente leva a ineficiência, distorções e em último caso, mau funcionamento e falência.

Vamos pegar o caso da saúde. Temos o sistema pior avaliado da América Latina (clique aqui para ver pesquisa) , médicos insatisfeitos, filas de 5 anos de espera para uma simples ciruugia ortopédica, regiões completamente abandonadas, falta de leitos, profissionais mal formados e por aí afora.

A saúde é um daqueles assuntos que parecem ser sagrados e a simples menção de palavras como privatização e lógica do mercado faz levantar as mais ardorosas defesas ideológicas.

Temos hoje basicamente 2 redes que operam no Brasil a pública, através do SUS e a privada, operada pelos planos de saúde. Pergunte para qualquer brasileiro por qual delas ele gostaria de ser atendido ? 

Pois é hoje eu vou falar sobre o mercado privado de saúde. Àquele que presta hoje o menor pior serviço.

Ainda que seja uma atividade nobre, impregnada de muita admiração e envolta em um áurea quase espiritual, acima das demais, o fato é que prestar atendimento médico hospitalar custa dinheiro. Máquinas e equipamentos avançados, tecnologia, estrutura física, profissionais motivados, técnicos bem formados, pesquisas e inovação precisam de constante investimento para estarem à altura da exigência de seus clientes. 

Inúmeras pesquisas na área de economia comportamental já comprovaram através de evidências irrefutáveis que nas situações que os custos de determinada despesa são compartilhadas coletivamente, o valor total gasto é superior se cada um assumisse a sua parte. (experimente fazer este teste da próxima vez que for ao restaurante com seus amigos e NÃO dividir a conta)

Os planos de saúde empresariais embutem uma série de incentivos maléficos à eficiência. As empresas descontam um percentual do custo direto do contra-cheque do empregado mensalmente e subsidia o restante. Geralmente o funcionário adere ao plano quando entra na empresa e vai renovando a continuidade anualmente. Isso primeiramente provoca uma despreocupação em controlar o que está sendo pago, para o beneficiário aquilo é como se nem fosse um desconto sobre o seu salário. Psicologicamente ele percebe o seu salário líquido e nem faz a conta de quanto lhe é retirado anualmente (é a mesma lógica com os tributos que incidem na fonte).

Entretanto os piores incentivos dos planos empresariais ocorrem na contratação dos serviços médicos. O profissional hoje em 99% das consultas pede, após 5 minutos de conversa, um exame para fazer qualquer diagnóstico, seja de uma inflamação de garganta à uma dor nas costas. Este procedimento encarece o sistema para todos, entretanto ninguém tem incentivo para não fazer de outra forma. O médico pensa em incorrer no menor risco possível de erro e desta forma também ele não perde tempo com outros procedimentos de diagnóstico, além disso conta também com a permissividade do paciente que, não interessa se vai ser um ressonância magnética de 3 teslas ou um ultra-som tridimensional, o valor descontado no contra-cheque (holerite) é o mesmo. Então dá-lhe gastança.

Além disso o beneficiário do plano procura sempre o especialista, ainda que o clínico geral - via de regra mais barato - resolvesse o problema. Retornos a consultas e toda sorte de idiossincrasias hipocondríacas - como por exemplo procurar a opinião de um segundo ou terceiro médico - também são praticadas. Todos estes procedimentos não ocorreriam ou seriam drasticamente reduzidos se o paciente tivesse que arcar individualmente com seus custos.

O mercado dos planos de saúde se tornou altamente regulado. A concorrência é débil porque a barreira a novos entrantes é imensa. Com pouca competição as empresas fazem o quê podem para aumentar sua margens e como detêm o controle da demanda negociam preços cada vez menores com os ofertantes, no caso os médicos, que se tornam reféns e desmotivados para prover um serviço melhor qualidade.

A solução seria desregulamentar o mercado. Deixar as empresas de plano de saúde praticar o preço que o mercado permitisse. Desta forma os empregados que não tivessem contente com o valor pago poderiam negociar com o seu empregador o subsídio em dinheiro ao invés de desconto no contra-cheque (holerite). O beneficiário passaria a se interessar pelos custos de cada consulta médica, desafiar o médico a propor soluções alternativas, enfim ser mais parcimonioso com as despesas médicas.

Os melhores médicos poderiam praticar maiores preços, a profissão se tornaria mais atrativa, levando mais pessoas a quererem se formar, aumentando a oferta de médicos no mercado.

Mas  e aqueles que não tem condição nenhuma de pagar por um consulta ou internação ? Daí entra o papel do Estado. Que vou discutir em outra ocasião. Mas em linhas gerais seria algo parecido com o mercado automotivo. Quem tem dinheiro e vontade compra um carro (existem várias boas opções disponíveis) e quem não tem usa transporte público (que ainda que não tenha o mesmo conforto de  um automóvel particular levará você dignamente ao seu destino).

O fato é que não existe melhor solucionador de problemas que o mercado. Nem políticos, nem religiosos nem homens dotados de boa intenção. 

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