sexta-feira, 1 de maio de 2015

ECONOMIA PARANAENSE - UM BREVÍSSIMO OLHAR NOS NÚMEROS E NOS RECENTES ACONTECIMENTOS

Volto a este espaço depois de alguns meses de ausência para reportar alguns dados socio-econômicos referente ao estado paranaense que, em vista dos recentes conflitos e violência policial aplicada nas manifestações dos professores, ganhou espaço na mídia nacional e, pelo que pude ler, com muito ruído e manchetes enviesadas de cunho mais ideológico do que ignorante.

Primeiramente destaco que não sou PSDBista, aliás, como facilmente pode ser depreendido pelos meus posts aqui do blog, não existe no Brasil infelizmente um partido que represente as minhas convicções libertárias.

Dito isto, é preciso destacar que no Paraná o atual governador tucano, Beto Richa, à luz dos números não desempenha um governo ruim, nem tampouco guarda qualquer semelhança com a da atual detentora da presidência da república, como alguns setores da mídia facilmente querem tentar colar. Vamos a alguns dados:

Entre 2003 e 2010, no governo PMDBista de Roberto Requião, o estado teve um crescimento do PIB anual de 3,8% enquanto o país cresceu 4%.
Já entre 2011 e 2013, na gestão tucana, o estado cresceu 3,8% versus 2,1% do país.(0,1% do Brasil x 0,8% do PR em 2014).

O Paraná contabilizou portfólio de mais R$ 35 bilhões em investimento industriais privados entre 2011 e 2014 contra R$ 16 bilhões de 2003 a 2010.

A 3ª edição do ranking de gestão e competitividade dos estados brasileiros, referente ao ano de 2014, da revista The Economist, apurou que o Paraná superou o Rio Grande do Sul e Minas Gerais em clima de negócios e capacidade de atração de investimentos entre 2011 e 2013, passando a 3ª força do país atrás apenas de Rio e São Paulo.

O endividamento do Estado, de cerca de R$ 15 bilhões, compromete menos de 60% da receita corrente líquida, menor proporção entre unidades do sul e sudeste brasileiro (excetuando Espírito Santo), contra 86,5% em 2010 e 78,4% da média nacional. Por este indicador o estado estaria apto ao recebimento das garantias e autorizações federais para a finalização de empréstimos junto a organismos internacionais como o BID, aguardando anuência da União desde 2011.

O fato é que o PR é o 5º Estado brasileiro em arrecadação de tributos e apenas o 24º (antepenúltimo) em investimentos federais. Não é coincidência o fato do representante do Estado no senado, Roberto Requião e a ministra da Casa Civil de Dilma, Gleise Hoffman (sem falar em seu marido Paulo Bernardo, do ministério das comunicações) serem adversários políticos do governador Richa.

O Porto de Paranaguá antes um feudo entregue a família Requião passou por projetos de modernização que praticamente duplicaram sua capacidade de movimentação de carga contenerizada, acabaram com as filas de caminhões na descida do porto e aumentaram os investimentos e geração de empregos do setor.

Na geração de empregos, segundo dados do CAGED, houve 388 mil vagas formais entre 2011 e 2014, a 4ª maior do país.

Na área da educação, onde se concentra a maior parte da gritaria e paralizações neste começo do 2º mandato, ocorreram diversas mudanças, das quais podem ser destacadas:
  • Enquanto Roberto Requião, quando governador, gravou vídeo dizendo que iria entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o piso nacional de salário dos professores de (30% da receita estadual). Richa aumentou este repasse, que hoje é o maior entre os estados brasileiros (37,6%)
  • Requião repassou R$ 118 milhões para transporte escolar e R$ 90 milhões para merenda, Richa R$ 318 milhões e R$ 403 milhões, respectivamente
  • Concedeu 60% de aumento no salário dos professores
  • Abriu concurso para contratar mais de 23 mil professores e funcionários de educação, cerca de 37% do quadro atual da rede estadual, provocando uma renovação ampla de pessoal.
Houve certamente falta de planejamento em tamanha reformulação, pois a categoria teve o pagamento do terço adicional de férias atrasado por 2 meses em fins do ano passado.

Agora sobre o episódio lamentável da truculência policial:

Em fevereiro deste ano quando o legislativo iria votar projeto de lei de mudança na previdência dos funcionários do estado, que se arrasta deficitária desde o governo Lerner, professores e sindicatos invadiram a assembléia e ameaçaram parlamentares que, acuados no refeitório do prédio, tiveram que interromper os trabalhos e postergaram a votação (alguns tiveram que sair escondidos em camburão da polícia com receio de agressão).

O fato é que o Brasil é pródigo na concessão de privilégios a grupos com grande capacidade de mobilização e vocalização. Toda política de aperto fiscal e/ou reformas que toquem nestes bolsões de rentseeking seguirão o mesmo figurino que se deu no PR.

Beto Richa foi reeleito com 55,7% dos votos e recente pesquisa mostrou que cerca de 91% dos eleitores dele votariam novamente se a eleição fosse em fevereiro. O fato é que ele errou em não reconhecer e em permitir que a violência chegasse ao ponto que chegou contra os professores e baderneiros infiltrados no último dia 30. Mas tenho sérias dúvidas se, caso a polícia "deixasse correr", os manifestantes não invadiriam e, pelo menos (senão pior), não repetiriam o que fizeram em fevereiro. 

Faltou preparo à força policial e falta de equilíbrio e obediência à lei dos manifestantes (a justiça já havia declarado a greve ilegal e concedido mandado de impedimento de ocupação do prédio do legislativo).


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